23 junho 2015

Bye, bye teacher...

No início deste ano, comentei com uns amigos que havia encontrado meu professor de inglês do colegial (sim, sou dessa época) dando aulas na mesma escola em que eu passaria o semestre dando aulas do idioma que aprendi com ele.  Depois de mais de 20 anos!

Era muito estranho dividir a sala dos professores com alguém que despertou em mim a paixão por essa língua (nenhum outro teacher tinha conseguido essa proeza...). Mas ele falava de mim pros outros com orgulho: "Ela foi minha aluna de inglês e agora dá aulas na Cultura Inglesa!".

Cruzava com ele toda terça-feira. Cruzei com ele na semana passada. O jeitão era o mesmo da época em que ele era o meu professor. Hoje, planejava encontrá-lo novamente pra (talvez) me despedir, já que hoje seria o dia de fechar o semestre com a minha turma de alunos. Mas Alguém tinha outros planos... Que dia triste.

Mesmo sem saber (ou vai saber?), o meu teacher começou meu dia ensinando mais uma lição: viva o hoje. Fale tudo o que tem pra dizer. Nem que seja "tchau". Diga. Na língua que for, mas fale.

16 junho 2015

Toda forma de amor

Esse último Dia dos Namorados deu o que falar, né? E pra desespero do deputado da PQP Marco Feliciano a tendência é “piorar”. “Piorar” entre aspas porque algumas pessoas ainda pensam que vivemos na Idade da Pedra, onde homem comia mulher e ponto. Ou pelo menos comia a mulher na frente dos outros e o resto às escondidas e ninguém sabia ou se importava, porque naquela época era vital sobreviver e não cuidar da vida alheia.

O Boticário lançou aquela campanha “polêmica” (vá se acostumando com as aspas, porque parece que serão muitas neste texto, e o que há dentro delas não reflete a minha opinião, mas a de uma sociedade hipócrita – sem aspas) para essa data tão especial que celebra o amor. AMOR, minha gente mente fechada, não se limita ao gênero oposto ao seu. Amor, como você ama estampar no seu Facebook, não tem limites e nem se coloca entre aspas. E por que raios o amor escolheria a quem amar?

Vou te dar um exemplo bem idiota: você tem seu animalzinho de estimação, certo? Gato, cachorro, cobra, passarinho, peixe ou a vaca da sua amiga, com quem você posta fotos, faz declarações apaixonadas, enche de mimos... A não ser que seja tudo falsidade, você expressa ali, nesses posts, o que sente por algo (ou alguém, na sua opinião). E, tudo bem. Porque, afinal de contas, beijar o focinho do seu cachorro peludo, que enfia o nariz no mijo de outro bicho enquanto você o leva pra passear na rua é OK, né?

Qual seria, então, o problema com a tal campanha publicitária que mostrou outras formas de amor, que não era aquela que você demonstra pelo seu gato, cachorro ou a piranha da sua amiga? O que há de errado em amar alguém igual a você?

Todo mundo pára pra ver briga na rua. Filma. Coloca no YouTube. Compartilha loucamente como se não houvesse amanhã. Essa semana mesmo, assisti um vídeo de dois bêbados quebrando o pau, em plena luz do dia, e logo embaixo muita gente comentando o post com KKKKKKKK’s infinitos. Dois homens brigando é engraçado, divertido, digno de compartilhamentos. Mas dois homens demonstrando sentimentos é tosco, nojento e desprezível? Reveja seus conceitos pré-históricos, bossais e ultrapassados urgentemente.

No ultimo final de semana, o final de semana dos namorados, enquanto eu comprava os meus próprios presentes numa livraria da Paulista, vi duas meninas apaixonadas trocando um rápido selinho e presentes. Em plena luz do dia, numa livraria lotada. Minha reação? Continuei a vida sem fazer drama, protesto ou baixaria. Ninguém morreu com isso e ninguém nunca morrerá. O Feliciano (e você que tem a cabeça fechada) que se acostume com a “modernidade”. Todo mundo pede amor, mas não perde a oportunidade de começar uma guerra, nem que o motivo da briga seja o próprio amor, oferecido àquele que não os convém.

Pra todos vocês que ainda condenam essa forma de amor, o meu desejo é que morram sozinhos, sem ninguém pra amar ou que os ame. E que você se contente – “apenas” – com o amor próprio, se é que tem algum já que rejeita o amor de um semelhante, né?

09 junho 2015

Quem quer uma boa dose de verdade?

Alguns bons anos atrás, entrei num relacionamento a distância que durou quase 1 ano. Trocávamos mensagens, ele vinha me visitar no Brasil com frequência e fazíamos planos. Até que num belo dia (era o feriado da Independência do Brasil), recebi um email de uma moça que dizia ser a namorada desta pessoa, o meu namorado. Na mensagem, ela contava sobre o relacionamento dos dois e como descobriu a minha existência. Minha primeira reação? Liguei na mesma hora pro filho da puta e exigi explicações. Eu tinha uns 25 anos, era imatura e respondi o email da coitada – que era tão vítima do safado quanto eu – com todo tipo de ofensas que você pode imaginar. Sim, essas mesmas e daí pra baixo.

Defendi o cafajeste, porque acreditei que a mulher era uma louca desvairada quando, na verdade, ela era uma alma iluminada tentando abrir meus olhos. Guardei o email e, um ano depois, resolvi responde-lo novamente, agradecendo a boa ação. O tom foi completamente diferente. Me desculpei pelas ofensas e me lembro de ter trocado algumas mensagens com a moça depois disso. O que ela tinha me dito era a mais absoluta verdade.

Alguns outros bons anos se passaram e, me vi no lugar dessa mulher: resolvi procurar a namorada de um cara que mantinha o relacionamento com nós duas quando descobri a infidelidade. Pisei em ovos ao abordá-la, porque já estive do outro lado da mensagem, mas pra minha surpresa ela disse que já desconfiava de algo. No começo, me agradeceu, admirou minha atitude, fez um milhão de elogios, mas no minuto seguinte ligou pro cara pra dizer que eu era biruta. Talvez não soube lidar com tanta informação e preferiu continuar acreditando na mentira.

Eu, no fundo, só queria me desculpar por qualquer mal estar que tivesse causado ao relacionamento dos dois. Não era minha culpa. Não era eu quem deveria me desculpar, mas resolvi fazer porque me sentia mal. Eu não sabia da existência dela. Tive boas intenções e, me fodi! Os dois se juntaram pra falar mal de mim. Não que eu ligasse pra isso, mas questionei a minha honestidade.

No início deste ano, recebi mais um desses e-mails surpresa. A moça abriu o coração, ouvi toda a história dela, falei da minha, comparamos e demos boas risadas. Afinal, éramos duas mulheres maduras, educadas e bem-resolvidas. Nos falamos até hoje. Nenhuma de nós procurou o cara em questão pra fofocar sobre as mensagens trocadas. Ia adiantar alguma coisa? O cara mentiu pra ambas! Ao procura-lo pra tirar satisfação, ele mentiria de novo, diria que éramos piradas e jamais assumiria a culpa. Mentirosos detestam ser questionados e descobertos. Fato!

Há alguns dias, resolvi conversar com alguém sobre o que ouvi a respeito dessa pessoa. Não havia namorado em questão, ou infidelidade, mas um passado em comum. A gente sempre acha que vai ajudar... Mas, nem sempre é visto assim. O que eu disse foi checado com o mentiroso, o mentiroso mentiu de novo. E, alguém acreditou... 

A questão é: até que ponto as pessoas querem mesmo ouvir a verdade? Ou será que elas gostam de ouvir a verdade só quando ela soa bem? Fechar os olhos pra ela não fará com que desapareça. Muitos se esquecem que nem sempre a verdade vem coberta com chantilly e com uma cereja no topo. Aprender a ouvi-la é uma lição diária, que faz crescer e é libertador. Estou sempre do lado e atrás dela, até porque fui educada assim. Mas, depois deste último episódio, não sei mais se gritaria a verdade pra qualquer um... Os mentirosos ainda são mais sedutores que os sinceros. Triste, né? Mas verdadeiro...