30 abril 2013

Barbaridade

Lembro quando tinha mais ou menos uns 10 anos dos meus amigos da escola comentando sobre o "crime da mala", exposto no Museu do Crime da USP. Aquilo era bárbaro e chocava, afinal como alguém em sã consciência mataria a própria mulher, picaria em pedacinhos e despacharia o resto do corpo numa mala num navio.

Crime, naquela época, era bater carteira no centro da cidade. Não existiam programas sensacionalistas, aliás, existia censura na TV (o que, de certa forma, era até bom...) e os crimes não chegavam a tamanha brutalidade pra ganhar a atenção popular. Não que soubéssemos...

Mas, de uns tempos pra cá, a coisa degringolou. Desde que o "Linha Direta" foi ao ar na Globo parece que a escola do crime anda se especializando na barbárie. Os programas sensacionalistas perderam de vez o limite e colocam no ar, na hora do jantar com a família reunida na frente da TV, cenas e detalhes de crimes de embrulhar o estômago.

Parece que o mundo virou de pernas pro ar. O "crime da mala" virou banalidade. Os assassinatos de hoje são cheios de crueldade e requinte, sem falar na frieza com que são cometidos e na impunidade que se segue. Esquartejar alguém e enfiar o corpo numa sacola já nem espanta mais. Agora queimam gente viva. E descrevem o ato com detalhes dignos de novela. E repetem, repetem, repetem...

Falta bom senso. Sobra crueldade. E fica a dúvida: culpado seria apenas aquele que comete o crime, ou a sociedade que anda dando bola e audiência demais pra esse tipo de coisa, alimentando a mente já doentia desse bando de criminoso sem noção?

28 abril 2013

100 coisas pra fazer com seu tempo livre



Não sei você, mas 24 horas pra mim é pouco. Chego ao trabalho às 7h da manhã e não saio antes das 8h da noite. Tenho que ficar atenta as crianças, a equipe e nos detalhes da minha função. Trânsito pra ir, pra voltar. Responsabilidades em casa de quem mora sozinha: supermercado, refeições, limpeza, organização. Cabeça nas contas pra pagar... Mal sobra tempo pro ócio. Mas, confesso: não sinto nenhuma ponta de inveja de quem tem tempo de sobra pra dar e vender. Acho um desperdício de vida. Não conseguiria dormir em paz, achando que não sou útil ou produtiva.

Tem gente que gosta de ficar sem fazer nada. Tem gente que usa esse tempo pra fazer o bem. Mas, sabemos que, a maioria prefere a ociosidade pra cuidar da vida alheia e semear o mal. As “candinhas” do mundo moderno não precisam mais ficar na janela, xeretando o que os outros fazem, enquanto elas mesmas não têm nada produtivo pra fazer. Elas usam o "Windows", que é quase a mesma coisa, pra se meter onde não deve.

Então, num dos poucos momentos livres que tive (e aos poucos...), criei uma lista de sugestões pras pessoas ocuparem o tempo livre com atividades que engrandecem a alma, ocupam a cabeça e as façam viver. Vai que elas ainda não pensaram nisso... 

1. Leia um livro
2. Estude (português é uma boa, pra começar...)
3. Aprimore os conhecimentos de algo que já sabe
4. Passe mais tempo com os filhos
5. Adote um animal abandonado
6. Aprenda algo novo
7. Cozinhe pra semana inteira
8. Limpe a casa
9. Organize os armários e prateleiras
10. Participe de uma ONG
11. Caminhe no parque
12. Vá ao shopping olhar vitrines
13. Crie uma conta no Pinterest (pra colecionar fotos interessantes)
14. Atualize-se com as notícias
15. Faça um curso livre
16. Trabalhe
17. Ou arrume um emprego...
18. Anote seus pensamentos
19. Escreva um livro
20. Faça artesanato
21. Durma bastante
22. Viaje
23. Arrume um namorado (ou namorada)
24. Olhe suas fotos de infância
25. Vá passear com o cachorro dos outros
26. Saia com os amigos, que por acaso estejam ociosos também
27. Lave um tanque de roupas
28. E depois passá-las
29. Descongele o freezer
30. Programe o que fazer nos feriados do ano todo
31. Ajude os amigos
32. Frequente bibliotecas
33. Vá a museus
34. Crie projetos pessoais
35. Vá ajudar pessoas carentes
36. Separe coisas pra doações
37. Faça trabalhos voluntários
38. Cuide de um idoso
39. Medite
40. Estude a Bíblia
41. Reze
42. Vá à academia
43. Cuide de plantas
44. Leia revistas do seu interesse
45. Pesquise assuntos novos
46. Faça listas
47. Vá doar medula óssea ou sangue
48. Faça palavras cruzadas
49. Matricule-se num curso de línguas
50. Ofereça ajuda
51. Converse com quem precisa ser ouvido
52. Escreva cartas pra amigos distantes
53. Assista TV
54. Ou veja todos os episódios do seu seriado preferido
55. Ouça suas músicas favoritas (e aprenda a cantá-las, se for em inglês)
56. Vá dançar
57. Ande de bicicleta pelo quarteirão
58. Viste os vizinhos
59. Aprenda a tocar um instrumento
60. Ensine uma criança a ler (ou um adulto, por que não?)
61. Corra
62. Observe as nuvens
63. Jogue paciência
64. Passe a limpo seu caderno de receitas
65. Leia seus diários de adolescente
66. Ofereça carona
67. Atualize sua agenda de telefones
68. Estude a linguagem do corpo
69. Faça sexo!
70. Aprenda Braile
71. Seja guia de um deficiente visual
72. Pinte quadros
73. Faça terapia
74. Tire fotos
75. Vá pescar
76. Vá brigar pelos Direitos Humanos
77. Faça comida congelada pros amigos que não têm tempo de cozinhar
78. Vá ao supermercado mais vezes
79. Observe o movimento dos peixes no aquário
80. Ajude a manter a cidade limpa
91. Crie um blog, ué
82. Atualize seu currículo
83. Participe de grupos de discussões
84. Seja free-lancer
85. Visite hospitais
86. Cuide da sua aparência
87. Cozinhe pra moradores de rua
88. Faça sachês
89. Organize seus documentos e contas
90. Vá pagar as contas (se não as suas, as dos outros)
91. Pense no que está fazendo com a sua vida
92. Conte moedas
93. Respire, inspire...
94. Limpe sua caixa de emails
95. Preste concursos públicos (ou estude pra eles...)
96. Faça algo pelo seu bairro, cidade, estado, país...
97. Faça as pazes com quem brigou
98. Cuide da sua vida
99. Leia um jornal, do começo ao fim
100. Recicle sucata

Pesquisas de 2 universidades americanas, que reuniram quase 1.500 pessoas, concluiram que entrevistados com mais tempo livre se mostravam mais infelizes. Então, ocupe seu tempo e vá ser feliz!

11 abril 2013

As (des)empregadas


Odair José não tem nada a ver com isso, mas as empregadas – desde o início deste mês – estão com tudo! Ou melhor, estão com 922 artigos da CLT e milhares de normas administrativas e orientações dos tribunais.

Imagina: se sua empregada doméstica precisar fazer uma hora extra, ela terá que descansar 15 minutos antes de recomeçar a trabalhar. Se ela tiver que cumprir muitas horas extras, essas não podem somar mais do que 10 horas ao longo da semana. Agora, se ela dorme em serviço, terá que ficar 11 horas sem trabalhar depois de encerrada uma “extensa” jornada de trabalho. Elas também não podem ter menos de uma hora de almoço e se demorar mais de 10 minutos pra entrar no serviço, se trocar ou tomar banho na saída, esse tempo contará a favor dela, como hora extra. Jamais coloque uma empregada pra dormir com uma criança ou um adulto doente, porque isso contará como adicional noturno e, eventualmente, hora extra por estar à disposição daquela pessoa.

Tudo isso tá na lei e na jurisprudência. Confesso que eu, com diploma universitário e fluente em duas línguas (uma delas o português, já que a maioria dessas funcionárias mal sabe assinar o próprio nome), não conheço os meus direitos. Talvez porque esteja ocupada demais... trabalhando! Ou talvez porque o blá-blá-blá de politico corrupto não me convence há um bom tempo.

O fato é que no país inteiro não se fala em outra coisa. Os políticos, que ganharam a simpatia das empregadas domésticas, perderam o apoio de milhões de eleitores que não podem ficar sem os serviços de uma babá ou de alguém pra cuidar de um idoso. A esse grupo se juntarão as empregadas que serão dispensadas.

A nova lei, além de encarecer os serviços, vai mudar de vez o relacionamento entre empregada e empregador, que de confiável e amistoso, passará a burocrático e conflituoso. Algumas famílias que não podem contar com a ajuda de advogados e contadores, já – inclusive – se propuseram a rearranjar suas vidas sem a ajuda das domésticas.

Ou seja, pensando em proteger e ajudar as empregadas, os legisladores deste país maravilhoso acabaram colocando esta mão de obra na rua, ao Deus dará.

08 abril 2013

A lei do Caminhão de Lixo


Um dia peguei um táxi para o aeroporto. Estávamos rodando na faixa certa quando um carro preto saiu, de repente, do estacionamento direto na nossa frente. O taxista pisou no freio bruscamente, deslizou e escapou de bater em outro carro... Foi mesmo por um triz!

O motorista desse outro carro sacudiu a cabeça e começou a gritar para nós nervosamente, mas o taxista apenas sorriu e acenou para o cara, fazendo um sinal de positivo. E ele o fez de maneira bastante amigável.

Indignado, lhe perguntei: 'Por que você fez isto? Este cara quase arruína o seu carro, a nós e quase nos manda para o hospital!'

Foi quando o motorista do taxi me ensinou o que eu agora chamo de "A Lei do Caminhão de Lixo": Ele me explicou que muitas pessoas são como caminhões de lixo. Andam por aí carregadas de lixo, cheias de frustrações, de raiva, traumas e desapontamento.

À medida que suas pilhas de lixo crescem, elas precisam de um lugar para descarregar e às vezes descarregam sobre a gente. Nunca tome isso como pessoal. Isto não é problema seu! É delas!

Apenas sorria, acene, deseje-lhes sempre o bem, e vá em frente. Não pegue o lixo de tais pessoas e nem o espalhe sobre outras pessoas no trabalho, em casa, ou nas ruas.

Fique tranquilo e respire. Deixe o lixeiro passar.

O princípio disso é que pessoas felizes não deixam os caminhões de lixo estragar o seu dia. A vida é muito curta, pra você levar o lixo dos outros com você! Limpe-se dos sentimentos ruins, aborrecimentos do trabalho, picuinhas pessoais, ódio e frustrações dos outros.

Ame as pessoas que te tratam bem. E trate bem as que não o fazem. A vida é dez por cento do que você faz dela e noventa por cento da maneira como você a recebe!

 
Arnaldo Jabor, com quem concordo plenamente!


02 abril 2013

Mandar cansa



Vou confessar: ser chefe não é tarefa pra qualquer um. Mandar cansa... e muito! E tá cada vez mais difícil encontrar profissionais por aí que não precisam ser mandados, mimados e tratados como crianças, com muito carinho, pra que desempenhem um bom trabalho. A maioria não quer mesmo saber de autonomia, quer ser levado no colo. 

Quando se é (ou sempre se foi) bom funcionário, capaz de acumular funções, cumprir prazos e expectativas, ser pontual (pra dizer o mínimo) fica difícil aceitar certos comportamentos dentro de uma empresa, por menor que ela seja. Trabalho é trabalho, é igual pra todo mundo, em qualquer lugar ou companhia. O que muda é a função, mas responsabilidades todos têm. 

Em tempos onde universidades vendem diplomas pra quem entrega o RG na portaria, contratar profissionais preparados pra qualquer cargo é, praticamente, impossível. Quando se encontra alguém mais ou menos, o chefe ainda precisa lidar com a falta de compromisso e competência. Os “profissionais” estão cada vez mais amadores e entendendo demais dos direitos, cumprindo quase nada os seus deveres.

É tão desgastante entrevistar e treinar pessoas pra uma vaga e desestimulante quando se vê – lá na frente – que o fulaninho não evoluiu. Pelo contrário: se acomodou e já não faz mais do que as obrigações. Contestam responsabilidades, mas cobram aumentos de salário. 

Não sou nenhuma expert em Recursos Humanos, mas há princípios básicos que poderiam ser seguidos pra se chegar em algum lugar, em algum trabalho, em alguma empresa:

1. Seja comprometido com seu trabalho. Se precisa acordar cedo e ir trabalhar, faça isso da melhor maneira possível. Comprometa-se, poxa! Seu chefe não espera além daquilo que você foi contratado a fazer. Isso é o mínimo que você deve a ele.

2. Seja pontual. Cada vez que um funcionário meu atrasa e preciso adiantar o trabalho dele, percebo o quanto ele é substituível. Portanto, se seu cargo é vulnerável à mudança ou substituições, seja pontual pra que isso não seja percebido tão facilmente...

3. Respeite regras. Onde há bom senso, não há regras. Mas se elas existem, não custa nada respeitar. Elas não estão lá por acaso... 

4. Aprimore-se. Qualquer mané é capaz de desempenhar uma função quando treinado para aquilo. Mas se você “perder seu tempo” melhorando o que faz, dá pra crescer, subir na carreira, ganhar mais... E todo aquele blá-blá-blá que, acredite, acontece só com quem trabalha duro. Ou você prefere acreditar em sorte?

5. Respeite a hierarquia. Se seu chefe é seu chefe é porque conhece um pouco mais do que você, trabalha na área há mais tempo, é batalhador. Então, assim como seus avós merecem ser respeitados, pois estão anos-luz à sua frente em sabedoria, faça o mesmo com quem está acima de você. Assim, o puxa-saquismo torna-se extremamente desnecessário. 

Fácil, simples e não custa nada.