26 setembro 2010

E daí?

Você começa um relacionamento amoroso e sabe, de cara, que em algum momento vai acabar. Pode ser cedo, pode ser tarde, mas vai. A única coisa que resta a fazer a respeito é aproveitar cada pequeno momento como se fosse acabar daqui dois minutos e torcer pra que não acabe nunca.

Mas você sabe. No fundo você sabe que quando escutar sozinho aquela música que vocês dois escutavam juntos, isso te fará lembrar dela e fará doer.

Você sabe que, quando estiver no ônibus e passar por aquele bairro, verá pela rua os fantasmas de vocês dois andando de mãos dadas, discutindo trivialidades.

Quando a TV anunciar aquele filme que vocês viram no cinema, isso te lembrará o quanto ela gostava de pipocas.

Quando alguém passar por você na rua, exalando o perfume que ela usava, você sentirá nos lábios o gosto do pescoço dela como se a tivesse beijado segundos atrás.

Você sabe.

Mesmo que seja você quem dê cabo da relação. Mesmo que você tenha se esgotado, você sabe que, quando estiver naquele restaurante e vir no menu o prato favorito dela, sentirá saudades do som de suas risadas.

Sabe que quando vir um casal pela rua, isso te lembrará o medo que você sentia de ela um dia te deixar.

Quando alguém cometer o mesmo erro de português que ela tinha mania de cometer, você sentirá ternura e um vazio imenso (ainda que momentâneo) por nunca mais ter ouvido aquela voz de novo.

Numa manhã qualquer você vai acordar sozinho e se lembrar de quando acordava vendo o sorriso dela te dizer bom dia com a voz rouca.

Um dia você vai emprestar pra alguém o livro que ela te deu, só porque sabe que essa pessoa não é do tipo que devolve livros emprestados. Só porque olhar pra ele na estante te faz lembrar das tardes em que vocês discutiam o livro fervorosamente. As tardes em que vocês não queriam sair de casa. Os dias em que ela andava pela casa só de calcinha. O perfume dos cabelos dela nos seus dedos. E aquele olhar meigo com a cabeça cheia de espuma de xampu.

Você começa um relacionamento amoroso já sabendo que algum dia ele vai acabar e que esse fim vai te causar muita, muita dor.

Mas, e daí?

O texto não é meu, mas do blog Porn Rocker. Aliás, um dos meus preferidos... Pra quem não gosta de coisas "quentes" vá com calma... Mas, vale a pena!

17 setembro 2010

(bom) Censu


18H30 de sexta-feira em casa! Praticamente um milagre neste ano... O elevador estava até na garagem, me esperando. Pensei: que sorte! Subi, dexei minhas coisas no meio do caminho, fui logo tirando a roupa pra entrar no banho, quando o interfone toca. Era o meu porteiro: - Juliana, a moça do Censu tá aqui. Você desce pra falar com ela ou peço pra ela subir?
Pensei: Se ela subir, vai me encontrar pelada... Vou ter que vestir a roupa de qualquer jeito, então "Vou descer". Queria fugir dela como fujo das reuniões de condomínio. Mas, não ia dar. Ou eu descia, ou ela subia. Cheguei no hall de entrada do prédio e três meninas gritavam histericamente. Minha cabeça que, esta semana não anda muito bem, quase estourou. As mães das garotinhas não fizeram nada, deixaram as três gritarem até o pulmão saltar pela boca. Só quando uma delas caiu no chão é que a brincadeira acabou e o silêncio ganhou lugar.
Depois de uma semana inteira lidando com crianças histéricas, o que eu menos precisava no único dia em que tenho a oportunidade de estar em casa mais cedo era mais uma amostra do quanto este bando mirim de pessoas ainda precisa ser domado. Qualquer pessoa que me conhece (pouco) sabe também que detesto responder pesquisas ou coisas que dizem respeito a mim. Portanto, crianças gritando e uma moça do Censu era exatamente o que eu não precisava numa sexta-feira.
Mas, vamos lá... Cumprir o papel cívico: responder à pesquisa do Ibge. Logo na primeira resposta a mocinha me informa: - Ish, vai demorar... Bastou eu dizer que era solteira e que não tinha filhos pra ela mudar de idéia: Ah, então vai ser rápido! Pensei: "Graças a Deus!".
Perguntas básicas sobre quantidades de aparelhos eletrônicos em casa, automóveis, cômodos, tempo gasto do trânsito, salário e blá blá blá... "Quantas horas você trabalha por semana?", perguntou. "Umas 60, 12 horas por dia, praticamente", respondi. "Nossa! Tudo isso?"... Sim, tudo isso, já que o governo rouba 6 meses do meu salário por ano, não me sobra muitas opções.
"Tem água encanada em casa? Luz elétrica? Acesso à internet?"... Vontade de responder cada coisa. "Não, mocinha, eu moro numa caverna... Aliás, o que você tanto escreve nessa calculadora?". Cada pergunta... "Usa óculos? Teve problemas para executar alguma atividade que involvesse sua capacidade mental e intelectual? Precisa de auxílio para exercer alguma atividade?"... Sim, sou míope, retardada, mas consigo trocar o chuveiro quando ele queima... Sozinha!!
"E qual é a sua religião?". "Sou católica!", respondi, achando que seria simples... "Mas é católica liberal, romana, protestante, apostólica ou ortodoxa?". Hein?! Múltiplas escolhas? É nessas horas que entendo porquê as pessoas mentem quando respondem pesquisas... Se eu tivesse dito que era atéia, talvez o banho teria começado bem mais cedo!
Agora já faço parte das estatísticas. Será que sou maioria, minoria ou tô na média? Bom, média foi o que fiz. Papel cumprido, hora de voltar de onde eu tinha parado.

04 setembro 2010

Votar pra quê?


Quando digo que já perdi as esperanças nesse país não estou mentindo. Tem gente que acha exagero, protesta, diz que eu deveria mudar a minha opinião, afinal isso aqui é mesmo um sonho de lugar. Bom, eu não acho. E quando se começa a pagar impostos... Daí a certeza só aumenta.

As eleições já são no mês que vem. Essa seria a oportunidade perfeita pro brasileiro me fazer mudar de idéia. Mas, ao invés disso, só fazem aumentar o nojo que tenho do cenário político e da imbecilidade que impera na cabeça desse povo.

Pra começo de conversa, se o voto não fosse obrigatório, talvez o resultado das eleições seria realmente satisfatório. As pessoas não votariam no primeiro otário que promete o impossível. Mas fariam uma escolha decente, porque estariam realmente interessadas nos resultados.

Eu prefiro me omitir na maioria das vezes: voto em branco ou anulo meu voto quando não chego a conclusão nenhuma de quem mereceria a minha torcida. Porque, de verdade, gostaria que o botão "corrige" servisse pra corrigir a merda que virou isso aqui. Não assisto horário político porque acho tão inútil quanto ler o perfil de alguém numa dessas redes sociais: é muito blá blá blá pra impressionar aqueles que não tem bom senso pra discernir o que é verdade e mentira.

Não é porque Arnold Schwarzenegger se tornou um bom governador na Califórnia que outras "celebridades" podem usar o horário político pra promover a imagem podre que têm. Ou você acha mesmo que o KLB, a Mulher Melancia, o Tiririca e tantos outros "candidatos" estão lá pra defender os seus interesses em Brasília?

A maior prova de que estão realmente tirando com a sua cara é a campanha do Tiririca. Em momento algum ele diz o que pretende fazer se for eleito. E não duvido que isso aconteça... E quero estar bem longe daqui quando perceberem a merda que fizeram.

Ainda bem que acabei de renovar meu passaporte, tenho visto válido e um certificado que me dá a chance de trabalhar em qualquer país do mundo. Se o brasileiro não sabe fazer suas escolhas, sou privilegiada por poder fazer algumas das minhas.

* (atualizado) Me parece que Tiririca está concorrendo de novo a um cargo público e em sua campanha ele mostra o que é Brasília: um carro velho. Well done, palhaço!