04 abril 2011

Profissão do futuro

Sua mãe passa a vida te ensinando valores. A cruzar as pernas quando sentar. A prestar atenção ao comprimento da saia. A usar os bons modos... Diz que é importante cuidar do corpo, se dar valor. Ensina que homem que presta gosta de mulher difícil. Daí você cresce, acreditando que tudo o que ela disse era verdade. Vai pra faculdade, estuda, estuda, estuda... Aprende a falar outras línguas. Se forma. Arruma um emprego meia boca que te faz trabalhar horas pra ganhar um salário que nem chega ao final do mês. Depois de passar a vida assim, como boa moça de família, você descobre que - ao ligar a TV - toda essa postura de santa não vai te levar a lugar nenhum. A moda agora é ser puta! Agora são elas, as putas, que lançam livros. São as mulheres de vida fácil que faturam milhões no cinema num filme que conta a vida delas. São elas quem desbancam os outros nos reality shows e fazem você pensar: se nada der certo nessa vida, não vou virar hippie... mas puta! Não sou preconceituosa. E quem sou eu pra julgar o que elas fazem... Mas, péra aí: tem algo errado nessa sociedade. Com tanta variedade de cursos universitários preocupados em capacitar as pessoas pro mercado de trabalho, tanto MBA, pós, cursos, com tantas opções pra se ganhar dinheiro usando a cabeça, por que cargas d'água ser puta tá tão em alta? A mulher demorou tanto pra conquistar um espaço de respeito nesse mundo disputado e machista que, sinceramente, sinto que estamos regredindo. Às vezes, sinto vergonha por ser mulher. E das direitas. Sim, porque somos nós, as certinhas, que sofremos com tanta libertinagem. O mundo resolveu generalizar e tratar a maioria da mesma forma como trata essa minoria que oferece o corpo pra ganhar dinheiro. Puta não deveria ser profissão do futuro. Mas de um passado bem remoto. Quando a mulher não precisava usar a cabeça, mas só seu poder de sedução. Eu cobro, e caro... Mas é pra pensar. O corpinho aqui é de graça, mas pra poucos. Já a cabeça e o respeito próprio, esses dois, não têm preço.