17 setembro 2010

(bom) Censu


18H30 de sexta-feira em casa! Praticamente um milagre neste ano... O elevador estava até na garagem, me esperando. Pensei: que sorte! Subi, dexei minhas coisas no meio do caminho, fui logo tirando a roupa pra entrar no banho, quando o interfone toca. Era o meu porteiro: - Juliana, a moça do Censu tá aqui. Você desce pra falar com ela ou peço pra ela subir?
Pensei: Se ela subir, vai me encontrar pelada... Vou ter que vestir a roupa de qualquer jeito, então "Vou descer". Queria fugir dela como fujo das reuniões de condomínio. Mas, não ia dar. Ou eu descia, ou ela subia. Cheguei no hall de entrada do prédio e três meninas gritavam histericamente. Minha cabeça que, esta semana não anda muito bem, quase estourou. As mães das garotinhas não fizeram nada, deixaram as três gritarem até o pulmão saltar pela boca. Só quando uma delas caiu no chão é que a brincadeira acabou e o silêncio ganhou lugar.
Depois de uma semana inteira lidando com crianças histéricas, o que eu menos precisava no único dia em que tenho a oportunidade de estar em casa mais cedo era mais uma amostra do quanto este bando mirim de pessoas ainda precisa ser domado. Qualquer pessoa que me conhece (pouco) sabe também que detesto responder pesquisas ou coisas que dizem respeito a mim. Portanto, crianças gritando e uma moça do Censu era exatamente o que eu não precisava numa sexta-feira.
Mas, vamos lá... Cumprir o papel cívico: responder à pesquisa do Ibge. Logo na primeira resposta a mocinha me informa: - Ish, vai demorar... Bastou eu dizer que era solteira e que não tinha filhos pra ela mudar de idéia: Ah, então vai ser rápido! Pensei: "Graças a Deus!".
Perguntas básicas sobre quantidades de aparelhos eletrônicos em casa, automóveis, cômodos, tempo gasto do trânsito, salário e blá blá blá... "Quantas horas você trabalha por semana?", perguntou. "Umas 60, 12 horas por dia, praticamente", respondi. "Nossa! Tudo isso?"... Sim, tudo isso, já que o governo rouba 6 meses do meu salário por ano, não me sobra muitas opções.
"Tem água encanada em casa? Luz elétrica? Acesso à internet?"... Vontade de responder cada coisa. "Não, mocinha, eu moro numa caverna... Aliás, o que você tanto escreve nessa calculadora?". Cada pergunta... "Usa óculos? Teve problemas para executar alguma atividade que involvesse sua capacidade mental e intelectual? Precisa de auxílio para exercer alguma atividade?"... Sim, sou míope, retardada, mas consigo trocar o chuveiro quando ele queima... Sozinha!!
"E qual é a sua religião?". "Sou católica!", respondi, achando que seria simples... "Mas é católica liberal, romana, protestante, apostólica ou ortodoxa?". Hein?! Múltiplas escolhas? É nessas horas que entendo porquê as pessoas mentem quando respondem pesquisas... Se eu tivesse dito que era atéia, talvez o banho teria começado bem mais cedo!
Agora já faço parte das estatísticas. Será que sou maioria, minoria ou tô na média? Bom, média foi o que fiz. Papel cumprido, hora de voltar de onde eu tinha parado.

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