23 fevereiro 2010

Ai, ai, ai


Bicho-papão não existe. E nem o homem do saco. Mas aposto que muita gente morria de medo deles quando era criança. Quando crescemos, deixamos de acreditar num monte de coisas, mas alguns medos mudam de máscara, insistem em permanecer no presente, causam ansiedade e bloqueiam o que poderia mudar a nossa vida pra melhor, é claro.

Somos seres simples. De tão simples, nos tornamos complexos. Demais até! Pensamos sobre nossos pensamentos e sobre a maneira como pensamos. O que teria tudo pra ser a nossa maior vantagem torna-se o nosso maior obstáculo, porque o papel da imaginação em nossas vidas modifica totalmente a realidade.

O medo é aquela voz irritante que insiste em dizer (e, às vezes, até gritar) que as coisas não vão dar certo. A culpa, na verdade, é daqueles que mais nos amam. Quando a gente é pequeno e tem medo do bicho-papão, sem querer, ao mesmo tempo, ouvimos daqueles que mais querem nos proteger que jamais vamos conseguir fazer isso ou aquilo, que X ou Y é impossível de acordo com a nossa realidade. E blá-blá-blá... Tentando nos proteger das frustrações, eles acabam colocando no nosso subconsciente fantasmas que voltam a nos atormentar na vida adulta, quando o bicho-papão já não representa mais nenhum perigo, atrapalhando o nosso caminho pro sucesso.

Por exemplo, o que você faria se desse de cara com um jacaré ao tentar cruzar um rio de uma margem à outra? As braçadas confiantes, certamente, dariam lugar ao desespero. Certo? Ao invés de nadar pra frente, tentar driblar o jacaré, ficamos paralisados e até cogitamos a possibilidade de nadar pra trás. O medo, quase sempre, causa ansiedade que faz com que a gente perca o foco, o controle e o chão! É ele que nos faz nadar em círculos, o que nos leva... a lugar nenhum!

Corajoso não é quem não tem medo. Corajoso é quem segue em frente apesar do medo. O medo é um alarme fundamental na nossa vida, lógico, é quem nos salva de muitas enrascadas. Mas não pode disparar o tempo todo. O medo deve ser um sinal de atenção e cuidado, nunca de desistência. Quando os jacarés aparecerem no caminho, resista à tentação de abortar a travessia. Mas é bom ir com calma! Ansiedade só faz com que nademos contra a correnteza.

Medo e ansiedade são os grandes inimigos da transformação. Causam estagnação e desvios perigosos, afastando a gente do crescimento pessoal e daquilo que mais queremos. É importante ter claro os objetivos, manter as estratégias, dar as braçadas necessárias que os resultados virão.

Apesar de grandinha, ainda tenho medo do escuro. Custo a relaxar quando estou nele e sozinha, mas basta esperar um pouco, respirar bem fundo, focar e perceber que o escuro nem é tão escuro assim.

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