Me formei em Jornalismo em 1999. Lembro-me claramente dos alertas dos professores sobre a importância da investigação cuidadosa antes da publicação de qualquer caso. Nas aulas, estudávamos as consequências do caso da Escola Base. Naquela época, apenas a imprensa detinha o "poder" de endeusar ou destruir a vida de alguém. Trinta e um anos após os donos da escola terem sido injustamente acusados de algo que não cometeram, esse poder se descentralizou. Hoje, ele está nas mãos de qualquer pessoa com acesso a um celular e às redes sociais — e isso é assustador.
O que mais me preocupa é a crescente quantidade de pais que acusam e culpam professores publicamente, por meio das redes sociais, muitas vezes com declarações agressivas, em busca da empatia de outros pais, mas crucificando educadores sem qualquer apuração prévia. Esquecem-se de que por trás de cada professor há uma história, uma reputação, uma vida que pode ser devastada por palavras impensadas.
Todos os dias vejo responsáveis sendo irresponsáveis — promovendo julgamentos públicos baseados apenas em versões parciais ou emocionais, sem antes procurar diálogo com as escolas, sem checar os fatos, sem refletir sobre as consequências de suas postagens.
Vivemos em uma era em que todos têm voz, mas poucos exercem essa voz com responsabilidade. Se antes cabia ao jornalista o dever da apuração, hoje esse compromisso deveria ser de todos nós. Porque uma acusação injusta, ainda que feita em um simples post, pode ter efeitos tão devastadores quanto uma manchete mal apurada. É urgente resgatar o valor do diálogo, da escuta e da prudência antes de transformar percepções em julgamentos públicos. Afinal, reputações ainda são frágeis — e justiça não se faz com cliques.
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