29 novembro 2013

A hashtag da discórdia

Quando eu era aluna da sexta série, minhas amigas criavam cadernos pra passar entre todos os amigos da turma, com questões das mais variadas de uma tal auto avaliação. Depois de completo, líamos as respostas e tirávamos as nossas conclusões. Eu tinha uns 11 anos, era imatura, não existia internet e ninguém da minha idade ainda mantinha relacionamentos sérios ou já havia constituído família.

Mas a impressão que tenho é a de que quanto mais caminhamos pra evolução tecnológica, mais retrocedemos como seres humanos. Essa semana não se falou em outra coisa: Lulu, um aplicativo criado só pra meninas/mulheres, onde é possível avaliar os homens, dando notas, favoritando e deixando as famosas #hashtags do bem e do mal, tudo baseado em apenas 7 perguntas. Ou seja, uma nova maneira de foder com a vida de quem vai bem, obrigado, com a sua cara metade.

Como todo mundo, dei a minha espiada. Tenho conta em, praticamente, todas as redes sociais, mas das usuárias desta daí, confesso, senti pena! É muita miúdes de espírito sair avaliando e julgando os outros por aí, com base no que se vê online, sem pensar que, por trás daquele perfil existe alguém realmente bacana, que divide a vida com alguém legal e que não precisa de uma vadia frustrada qualificando mal alguém assim. Afinal, o que mais se vê é puta se fazendo de santa, compartilhando frases de Caio Fernando Abreu e imagens do Meu Pequeno Pônei.

O aplicativo foi criado por uma americana que, encalhada, passou o Dia dos Namorados num restaurante com as amigas, falando dos caras que pegou, dividindo experiências sexuais com elas e chegando a conclusão de que as moças se soltam mais quando não há homens por perto. Pois bem, com um aplicativo desses, além de destruir os relacionamentos dos outros, vão acabar sozinhas também.


Por enquanto, a única a sair lucrando com essa discórdia toda foi a criadora do aplicativo, que já embolsou quase 3 milhões de dólares de seus investidores. Apesar de achar que o site não é sobre vinganças de ex-namoradas, ex-ficantes ou eternas-frustradas, foi só esse o público que ficou feliz com a invenção. Apesar de se vangloriar com elogios e achar que isso melhora a masculinidade, tem muito homem que, pra não queimar o filme, anda deletando o perfil por lá. As namoradas, ficantes e aquelas que os querem bem, agradecem.

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