17 julho 2013

Gentileza gera gente

Uma ideia bacana
Nos últimos dias, ou semanas, não sei ao certo, li por mais de uma vez algo sobre o "café pendente" (até copiei um dos textos no post anterior). Muito comum em países desenvolvidos (e daí se entende porque eles estão um passo a frente), a ideia é deixar um café pago pra alguém quando se vai a um lugar que participa da "brincadeira". 

Essa história surgiu por conta do livro The Hanging Coffee, onde um personagem toma seu café e ao pagar a conta deixa pago dois cafés: o seu e um pendente pro próximo cliente que vier. 

Há um tempo, coletando fotos no Pinterest me deparei com algo bem parecido e lendo o Twitter do Wes Borland vi que há muito mais gente gentil pelo mundo do que se imagina. Além de impensáveis formas de ajudar. O guitarrista do Limp Bizkit sugeriu deixar de reseva no carro um guarda-chuvas extra pro caso de alguém precisar e no site de fotos, achei um pin (o da foto) com um kit baratinho pra ser montado e distribuído a moradores de rua. 

Essa blogueira americana, que inventou o "kit mendigo", se viu, há alguns anos, sentada na Starbucks, tomando café-da-manhã enquanto lia a Bíblia. Do lado dela sentou um morador de rua, praticamente invadindo o seu espaço. Ela olhou pra Bíblia e achou que era um sinal divino. Ficaram horas conversando e, depois que ele partiu, ela passou a ver as pessoas nas ruas com outros olhos.

Quem mora na rua, muitas vezes, não está lá porque quer. Lógico, talvez não seja o caso da maioria. Mas, pense: como deve ser difícil não ter onde morar, um teto quentinho e um cama pra dormir. Ainda mais nessa estação fria do ano, quando um cobertor é sempre bem-vindo. Conheço muita gente que ajuda e todas elas têm o meu respeito e admiração. Podem fazer um pouco mais, pois tem condições pra isso, mas se pensarmos bem, todos temos. 

Depois do bate-papo com o mendigo, a moça chegou à conclusão de que uma das coisas mais difíceis em ser um morador de rua é o fato de ser ignorado. Tratando-se de alguém que precisa de ajuda, não deve existir nada mais duro do que ser desprezado, fazendo de conta que eles não existem ou estão lá. O mendigo contou à ela que prefere que alguém o olhe nos olhos ao rejeitar seu pedido de dinheiro ou comida àqueles que viram o rosto e os menosprezam. Quando ela perguntou a ele qual foi a melhor ajuda que ele já recebeu, ele respondeu "uma noite num hotel". Segundo ele, a experiência de tomar um banho, se barbear e dormir numa cama fez com que ele se sentisse humano. Não só isso, mas água e meias também são uma ótima ajuda.

Ninguém é completamente capaz pra resolver sozinho o problema de todos os moradores de rua. Afinal de contas, votamos em políticos safados e corruptos que desviam dinheiro que até poderiam ajudar quem precisa. Mas, podemos ampará-los dando a eles o calor de que tanto sentem falta. 

A blogueira passou a carregar no carro uma sacola com coisas que poderia oferecer aos moradores de rua, sempre que cruzasse com um. Com US$30 ela conseguiu preparar 6 kits, embrulhados em saquinhos individuais, que ela deixa sempre embaixo do banco do passageiro. Eles traziam: uma garrafinha de água, um par de meias, um saquinho de cereais com chocolate, uma escova de dentes, pasta de dentes, lencinhos de papel e um analgésico, tipo Ibuprofeno.

Pode parecer pouco. Mas pra quem não tem nada, quanta diferença, né? Você vai ficar mais pobre por conta disso? É claro que não. Vai fazer alguma diferença na sua vida? Talvez não. Mas se conseguir se colocar no lugar de quem precisa, vai perceber o impacto que pode causar. Todos nós precisamos de ajuda um dia, em situações e proporções diferentes. E aí, como se sentiu quando alguém o amparou e te deu atenção?

Na Vila Madalena, em São Paulo (e pertinho do meu trabalho), o Ekoa Café deixa a disposição o café pedente aos gentis de bom coração. Sei que no Rio também existe um lugar que adotou a ideia. Vale pesquisar e deixar sua doação.

Um comentário:

Fiamma disse...

Tem também o kit assalto. Deixar sempre guardada uma nota pelo menos R$ 50,00 para o assaltante para que ele possa roubar alguma coisa e não te matar num momento de fúria.