31 julho 2013

Amém, minha filha!

Seguindo a palavra


Mulher adora acreditar nas coisas. Horóscopo, homem, conto de fadas, princesas, amigas invejosas, previsão do tempo, preço de roupas em liquidação e... revistas femininas. Tem aquelas que fazem dessas publicações verdadeiras Bíblias. Confesso que já cheguei a assinar uma delas e queria jogar uma bomba nos Correios quando a entrega atrasava. Regras infalíveis pra conquistar o homem dos sonhos, o corpo perfeito, ser boa de cama, ter a vida que pediu a Deus são temas recorrentes. O problema é que tem mulher por aí que não toma nenhuma decisão enquanto a próxima edição não chega às bancas. Dicas pra se dar bem no amor parece ser o tema preferido das moças. 

Essas revistas insistem no conselho de que, pra ganhar a atenção de um cara, você precisa fazer dele um capacho e ser indiferente. Fica proibido atender todas as ligações, estar disponível, dar atenção, exagerar nos cuidados pra não afugentar o rapaz. Besteira! O que faz mesmo uma relação deslanchar é o fato de as duas pessoas terem o nível de comprometimento parecido. A reciprocidade é o que vale e é o melhor termômetro. Não tem porque ignorar se ele mostra que está na sua e é atencioso. Vai na da revista, querida, e terminará encalhada!

E os jantares românticos constantemente sugeridos pra salvar a relação? O cara anda apático e é preciso esquentar o relacionamento, que anda meio morno e sem sal? Vá pra cozinha e prepare um banquete romântico, separe o vinho e não esqueça as velas. A-ham... É bem por aí, viu. Mas só se você tá a fim de mostrar a Amélia que existe em você. Quando o relacionamento tá mais ou menos, jantar à luz de velas não resolve. O que vale é quebrar a expectativa, as regras. Jantares são óbvios. Um passeio de montanha-russa não! Experiências assim estão associadas ao início do namoro e aumentam os neurotransmissores, aquela coisa produzida quando você se apaixona. Jantar romântico pode até ser bonitinho e charmoso nos filmes, mas a única coisa que aumenta é a barriga. 

Homens adoram jogar videogame. Mas não generalize. Eles odeiam joguinhos sentimentais. Então pra quê seguir aquele conselho estúpido de que pra amarrar o cara você não pode deixar claro que o jogo tá ganho? As revistas dizem que esses joguinhos de sedução no início da relação precisam se manter no longo prazo, fazendo com que o outro, coitado, fique sempre na dúvida sobre o que você sente, antes de se entregar completamente. Porém, estudos (e não revistas) mostraram que demonstrar interesse em alguém não causa, obrigatoriamente, desinteresse no outro. Abrir a guarda faz parte, além de dar o sinal verde pra mostrar ao outro que ele também pode se abrir com você. 

Outra teoria criada por revistas e propagada por mulheres ao redor do mundo: resista bravamente e não vá pra cama no primeiro encontro, afinal isso fará com que o cara não te procure nunca mais nesta vida e nem na próxima. Uma pesquisa americana mostrou que casais que liberaram geral na primeira noite não disseram estar menos felizes do que aqueles que esperaram muitos encontros. Eu conheço casos bem sucedidos de gente que foi direto aos finalmentes e está prestes a casar. Tem gente que até acredita que o bom mesmo é ver, de cara, se há química e partir pra outra caso não seja lá o que se esperava. Desse ponto de vista, se enrolar é o segredo, as duronas podem estar perdendo tempo. Não existe regra. Tenha isso em mente. E só!

A última teoria criada por essas publicações diz que quando um cara se importa com você, ele se lembra de datas especiais. Pfff! Em tempos onde ninguém mais lembra de cor o telefone da casa da própria mãe, como manter na cabeça a data de cada ocasião importante? Talvez gestos não valham mais do que palavras na maioria das vezes e um buquê de flores pra comemorar o dia em que vocês dividiram pela primeira vez um chiclete seja tão romântico quanto um espontâneo “eu te amo”. Quem organiza serenatas pra comemorar aniversário de namoro, na verdade, se importa mais com o espetáculo do que aquele cara que oferece uma massagem num dia em que você chega em casa cansada do trabalho. Ter boa memória não é sinônimo de demonstração de uma paixão avassaladora. 

Aqui vai uma verdade: Papai Noel não existe, assim como as princesas e os príncipes em cavalos brancos. Revistas femininas são recheadas de ladainhas e você... bem, você, minha filha, já deveria saber disso!

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