18 junho 2014

Não aprendemos nada com os japoneses

Os japoneses surtariam na Vila Madalena
Já vai fazer uma semana que a Copa do Mundo do Brasil começou. Faz uma semana que estamos convivendo com gringos, pra cima e pra baixo, dividindo não só a calçada com eles, mas também um pouco da cultura. Não tem como dizer que não. Eles trazem a bagagem deles e nós ofertamos as nossas boas-vindas.

Mostramos pros estrangeiros, logo de cara, que sabíamos torcer e empurrar um time em campo. Provamos pra eles que somos mesmos muito receptivos e calorosos com nossos visitantes. Que gostamos de ensiná-los a sambar, vide J-Lo, mas que também gostamos de aprender com eles. Pena que a lição oferecida pelos visitantes é logo esquecida.

No último final de semana, ficamos boquiabertos quando japoneses viraram notícia ao recolher o próprio lixo num estádio depois do jogo. O link foi compartilhado mais do que o pão na Santa Ceia pelas redes sociais. Todo mundo se referiu aos japoneses como exemplo de civilidade, um povo superior, digno de ser copiado. Alguns, mais do contra, se perguntaram o motivo de tanto fuzuê pra uma coisa tão básica e óbvia: recolher o próprio lixo. É como apagar as luzes depois de sair do quarto, fechar a torneira enquanto se escova os dentes. Bá-si-co!

Pois bem, a prova de que realmente não tínhamos aprendido nada com os japoneses veio hoje, um dia depois do segundo jogo do Brasil. A Vila Madalena, em São Paulo, virou o ponto-de-encontro pra quem quer assistir as partidas da Copa longe da bagunça do Anhangabaú. Mesmo não tendo estrutura pra receber nem metade da torcida do Corinthians, antes mesmo do expediente acabar, as ruas ficam tomadas por muita gente. MUITA mesmo. É impossível andar, muito menos dirigir.

O problema é que muita gente junta não faz mutirão de limpeza como ensinaram os japoneses. Multidão brasileira faz o contrário disso: emporcalha mesmo, pensando em bater recorde de sujeira pra entrar no Guinness. Não tem lixeira o suficiente? Guarda na bolsa, leve um saquinho, guarde até encontrar onde jogar fora. Falta de lixeira não é desculpa pra deixar seu lixo por aí.

Hoje, antes das 7 da manhã, uma das principais ruas do bairro estava “enfeitada” com montanhas de garrafas e latas de cerveja, caco de vidro, restos de bandeira e um aroma nada agradável de mijo. Até o  gari não acreditou no que viu, imagina o surto que os japoneses tiveram ao ver a notícia – de um comportamento inverso ao deles – na TV.

Visitantes se preocupam mais com o nosso país do que nós mesmos e isso é vergonhoso. Estamos atrasados na civilidade. De que adianta compartilhar uma notícia exemplar se não estamos interessados em seguir o exemplo dado? Isso é hipocrisia e, infelizmente, estamos mostrando ao mundo que, além de samba, somos bons nisso também.

Depois do que vi (e tive que cheirar) hoje de manhã na rua onde trabalho, vou acreditar menos ainda no que pessoas compartilham em redes sociais. Se tratam animais abandonados com o mesmo descaso que limpam a rua, tenho dó dos bichos. Das pessoas, sinto vergonha mesmo. 

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