14 maio 2014

Dar pra receber

Tenho ouvido muita reclamação sobre o desequilíbrio nos relacionamentos. Não sei se é coisa de hoje, se é a reinvindicação da vez, mas muita gente tem falado por aí que anda dando mais do que tá recebendo, ou que não tá recebendo nada, ou entregando o que tem pra quem não merece receber.

Dá aquela impressão de que nem sempre a gente recebe o que merece. Acabamos achando que nos dedicamos mais do que os outros e, no final das contas, percebemos que fomos os únicos a colocar o esforço na coisa toda.  Às vezes, é verdade; às vezes, é exagero nosso.

Relações são feitas de trocas. É assim desde a época feudal, quando a economia não era movida a base de moeda e o que prevalecia era o escambo: se um plantava batata e o outro, banana, trocavam-se os alimentos e todo mundo saía ganhando. A gente dá, sim, esperando receber algo de volta. Nem que seja um sorriso ou um “muito obrigado”. Trabalhamos pra receber um salário, emprestamos o ombro pros amigos porque sabemos que eles emprestarão o deles também quando for a nossa vez de chorar, damos carinho, amor, respeito esperando (e merecendo) receber todo o carinho, amor e respeito entregue. Do contrário, tudo não passaria de um baita desperdício.

Quando achamos que trabalhamos mais do nos é pago, procuramos outro emprego, certo? Por que – raios - então, encontramos tantas desculpas pra não fazer o mesmo nas outras relações? Quando estamos sempre disponíveis pros amigos e sozinhos quando precisamos deles, ou damos amor demais pra quem só nos dá dor de cabeça é hora de colocar as coisas na balança e ver se o “salário” tá cobrindo as contas ou te deixando no vermelho no final do mês.

De que vale dar toda a segurança do mundo, garantias e tal, se pra afastar o medo dos outros somos nós que ficamos desprotegidos? A verdade é que você merece receber de volta todo o amor que dá, pago na mesma moeda e sem descontos.  De complicada já basta a economia do país, os relacionamentos não precisam também estar na miséria, né?

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