11 julho 2013

Revanche!

 
Saindo de trás da moita
Aproveitei a manhã ensolarada de hoje, mais um das minhas férias, pra conhecer um lugar em São Paulo, 10 minutos da minha casa, que ainda não conhecia: o Parque Burle Marx.

Eu não era a única ali a aproveitar a calmaria de um parque num dia de semana, numa cidade frenética. Um casal aproveitava pra posar pra fotos de um provável álbum de noivado. Os dois não eram exemplos de beleza, mas transbordavam desenvoltura e paixão e contavam com a ajuda de uns 3 profissionais que guiavam o ensaio. Era o momento deles. Estavam felizes pra chuchu, novinhos até. A garota usava um vestido florido, romântico. O rapaz carregava um violão como se fosse fazer uma serenata pra amada.

Os dois posavam deitados na grama. De mãos dadas. Olhos nos olhos. No colo um do outro. Abraçados. De frente. De lado. De costas. Mas tinha algo atrapalhando aquele cenário de amor, pombinhos, sinos e cupido. Duas meninas, de longe, observavam o casal e riam. Riam alto. Fazendo com que os passarinhos do parque se calassem. Com que o barulho dos carros da Marginal Pinheiros virasse um zumbido. Riam muito! As duas também estavam de mãos dadas, olhavam nos olhos uma da outra. Entre um beijo e outro, acompanhavam o ensaio de longe e morriam de rir, achando aquilo tudo o uó, cafona, bobo. As duas trocavam carinhos, na frente de todos, crianças, velhos, babás, quem corria pelo parque, como se aquilo fosse normal. Ué, hoje é!

Todo mundo observava o casal, meio curioso, mas torcendo o nariz pra cafonice. Os olhares pras duas meninas nem aconteciam. Elas já não chocavam mais, viraram "coisa normal" de se ver.

Outro dia, assistindo um filme bobo, uma frase me chamou a atenção: no futuro todos seremos homossexuais, de uma forma ou de outra. Faltará opção aos heteros ou elas sobrarão aos homos, forçando até mesmo os mais conservadores a entrar na dança pra não acabar sozinhos.

Se fosse num passado não tão retomo assim, as duas mocinhas seriam hostilizadas, motivo de piadas, apontadas como perversas, as loucas do parque. Hoje, saíram de trás da moita e são elas que engrossam o coro daqueles que riem do amor piegas, "normal", com a maior liberdade e com o direito que a vida moderna, depois de tanta chacota, preconceito e mentes fechadas, as concedeu. Vai ver, no fundo, já somos todos homossexuais. Basta apenas sair do armário, de trás da moita... assumir!

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