13 maio 2013

A mala

Mala velha
Não gosto de arrumar malas. Sempre que viajo é uma tortura tentar fazer todas as roupas que eu gostaria de levar caber dentro de um espaço tão "pequeno". Às vezes, levo dias e isso não é exagero. Faço listas, confiro a previsão do tempo um bilhão de vezes, arrumo, desarrumo, troco peças, coloco-as de volta, experimento combinações, é um verdadeiro processo! E, no final das contas, sempre levo mais do que realmente preciso. Desfazer malas também não é meu programa preferido. Esvaziar leva tempo, viu.

Vai ver que é por isso que tanta gente faz essa analogia de mala com coisa chata. Bom, pelo menos neste post essa figura de linguagem vai fazer sentido. Porque, no fundo, é assim que encaro um pouco a vida e relacionamentos.

Ninguém gosta de carregar bagagem. No começo ainda vai, porque a viagem parece fazer valer a pena o esfoço, mas com o tempo, ela vai ficando pesada, desconfortável e difícil de levar. E ninguém quer carregar peso. Mas, mala vazia, todo mundo coloca no ombro com prazer!

Com relacionamentos, e a vida, é a mesma coisa: ninguém quer carregar a mala dos outros. Mesmo que por gentileza, há um limite. Você até ajuda, mas depois de um tempo, aquele fardo se torna um saco, afinal a bagagem não é sua.

Pra começar uma nova viagem é preciso esvaziar a mala. Tirar tudo, absolutamente tudo, o que há dentro pra embarcar em outra jornada. O que se usou numa viagem não vai servir na outra. Os lugares, as pessoas, as situações são diferentes. O bom é começar com tudo limpinho, passado e cheiroso. Porque os outros não são obrigados a conviver com a imundice das suas experiências passadas, o cheiro, os vincos.

O problema é que tem gente por aí que não consegue se livrar do excesso de babagem. E essas são as que mais incomodam, as que custam mais caro. Porque roupa velha e suja devem ser lavadas em casa e permanecer por lá, dentro de um cesto.

Esvaziar malas leva tempo. E é assim mesmo. É legal encontrar alguém disposto a ajudar, mas desde que as roupas velhas fiquem no fundo da gaveta. Doe roupas que não servem mais e, antes de passá-las pra frente, certifique-se de que a mala velha vai junto também!

Minhas malas são sempre cheias, como disse no começo. Mas sou a única a carregá-las. Respeito o tempo - o meu tempo - pra esvaziá-las e colocar o que tinha dentro no lugar certo. E prefiro ter certeza de que as coisas ficarão por lá, quietinhas, antes de comprar a passagem pra próxima jornada. Ninguém é obrigado a conviver com as experiências pelas quais eu passei. E é por isso que acho tão bacana todas as que vivi: elas sabem exatemente o lugar onde devem ficar, no passado.

Mas fazer o que se tem gente que gosta de carregar mala velha com roupa de liquidação, né? Pra essas, infelizmente, não dá pra desejar "boa viagem"...

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