07 outubro 2014

O direito a opinião

No fim da tarde de ontem, deixei um comentário num post publicado pela candidata Dilma, na página do Facebook dela. Não sou politizada e não curto política, mas acompanho há um tempo posts não apenas dela, mas de outros candidatos (diferente de alguns, que preferem se alienar do resto do mundo, sigo sim os concorrentes daqueles que admiro, pois assim posso formar a minha opinião). A candidata estava conclamando as pessoas que melhoraram de vida nos últimos 12 anos, tempo em que o PT está no poder, a se juntar a ela na campanha para o segundo turno das eleições para presidente.

Como minha vida mudou (para pior), fui deixar lá a minha opinião. Afinal, ainda não vivemos numa ditadura e acredito ter liberdade para expressar a minha insatisfação com a atual presidentE, pois pago impostos e moro no país que ela comanda. Pra minha surpresa, a repercussão do meu comentário foi enorme: até o momento, 450 pessoas curtiram e muitas outras que não conheço comentaram. Aqueles que dividem a mesma opinião que a minha foram extremamente educados. Os PTistas, ao contrário, foram agressivos e me encheram de desaforos, ofendendo a mim, minha qualificação profissional e minha jornada de trabalho.

Alguns disseram que meu discurso era vazio. Concordo com todos. Até porque não tenho discurso. Tenho, sim, pouco dinheiro na minha conta bancária e muitos anos de contribuição em impostos. O suficiente pra me deixar insatisfeita com a situação atual do meu país. Não tenho discurso, tenho discernimento, bom senso e opinião.

Em momento algum defendi um partido ou político (apesar de ter os meus), mas defendi a minha insatisfação. Ainda posso discordar com o fato do que o país não estar bem ou preciso pagar uma taxa pra isso? Minha vida e a de muita gente que conheço não melhoraram. Poder comprar um carro em 60 vezes não é sinônimo de melhora. Comprar uma casa em parcelas a perder de vista, não é sair da miséria. Minha ideia de progresso é bem diferente.

Nasci na época da ditadura. Não sou uma menina que vive de mesada. Contribuo com TODOS os impostos, pois se não os pago, sou punida. Meu salário seria excelente, mas parte dele é desviado pra pagar impostos e garantir o Bolsa Família de gente capaz de arrumar emprego, mas que se encosta na sombra de benefícios do governo (por exemplo).

Eu tinha 10 anos quando o movimento das Diretas Já conseguiu garantir a redemocratização, mesmo depois da censura imposta sobre a imprensa e de muitas manifestações políticas pra derrubar João Figueiredo. Eu vi Tancredo Neves ser eleito presidente. E me lembro, também, da felicidade do povo deste país indo às urnas. E vejo, hoje, a mesma esperança nas discussões (sadias) promovidas em redes sociais.

Ofensas me irritam, porque são gratuitas. Campanhas baixas me entristecem (Dilma, por exemplo, dividiu ontem o povo brasileiro entre brancos e negros, num post em seu Twitter pessoal. Um pouco mais tarde, o mesmo post foi deletado). Duas pessoas podem olhar pra mesma coisa e ver coisas totalmente diferentes. Discordar é inteligente. Ofender, assim como concordar com tudo, é ignorância.

Meu voto vale mais que os benefícios oferecidos pelo governo. Ele foi conquistado por políticos que todos nós “devotamos” nos dias de hoje, tanto os meus quanto os seus – e isso independe de partido ou no que você acredita. Eu não jogo o meu fora. Assim como não pretendo jogar no lixo o meu direito a opinião. Quero ordem e progresso, não desordem e retrocesso. 

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