21 setembro 2014

Em quem você coloca a culpa?

Não falo sobre política. Odeio esses debates promovidos nas redes sociais às vésperas das eleições. Não assisto horário político e nem os confrontos entre os candidatos exibidos na TV. Assim como também não converso sobre religião. Pode parecer óbvio evitar estes tipos de assuntos, mas prefiro assim a perder a admiração que ainda tenho por algumas pessoas.

Primeiro, porque quem realmente gosta de discutir política tem a cabeça fechada demais pra aceitar a opinião dos outros e tenta, a todo custo, me convencer de que o ponto de vista dela é o correto. O mesmo sobre as crenças que temos. O que acredito ser bom pra mim não será o mais indicado pra outra pessoa. Temos backgrounds diferentes e isso é saudável. Não há certo ou errado. Não nestes dois casos.


Apesar de achar que o voto deveria ser opcional – acredito cegamente que o resultado das eleições seria bem diferente do que aquele que tivemos até agora – eu já tenho meu candidato. E baseio a minha decisão naquilo que mais se aproxima do que sou. Afinal, alguém teria que me representar.

Porém, o que tenho visto por aí anda me fazendo pensar se o povo desse país tem mesmo (algum) bom senso (sobrando). Não quero defender aqui nenhum candidato, nem o meu, nem o sem. Mas culpar o atual governador pela seca de São Paulo e a falta d’água na cidade acho um pouco exagerado, afinal o coitado não é São Pedro. Não me lembro de nenhum político prometer chuva pra uma cidade desse porte. Pelo menos as promessas ainda não chegaram neste ponto. Mas, e você, playboyzinho, que lava seu carro – pelo menos – uma vez por semana pra impressionar as menininhas, o que tem feito pelas nossas represas? Sua faxineira sabe que não é ecologicamente correto lavar a calçada da sua casa com mangueira? Quando a senhora toma aquele banho demorado, tem consciência de que já estamos usando o volume morto da represa que abastece a nossa cidade e não apenas a sua casa? 

Também acho um pouco demais exibir a imagem de uma polícia despreparada pra lidar com uma população sem limite como se isso fosse culpa de quem a comanda ou dos próprios policiais, que estão cada vez mais brigando pela própria vida do que preocupados em salvar a população de bandidos. A culpa é da sua mãe que não bateu na sua bunda o suficiente quando você era criança e achava bonito desrespeitar as “autoridades” (leia-se a autoridade da sua própria mãe, dos mais velhos, e dos professores que te aturavam na escola).

Acho infantil transferir a culpa, tentar se isentar dela, só pra parecer politizado e consciente. O mundo aonde você mora pode ser comandado por políticos, mas não pertence a eles. Políticos são transitórios, vem e vão.  Existe abuso de autoridade, sim. Assim como talvez não tenha existido um planejamento apropriado do controle da água que sai da sua torneira. Mas culpar uma só pessoa por isso só pra livrar a sua falta de educação e respeito não lhe torna santo.

Não falta consciência política, mas social. E aí (como canta o Titãs há muitoooo tempo), quem quer manter a ordem e quem quer criar desordem?

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