Dizem que a
mentira tem perna curta. Eu poderia descrevê-la com mais detalhes, dizer que é
charmosa, tem um olhar sedutor e que sabe escolher bem as palavras. Mas a ideia
não é criar uma imagem bonita e interessante pra ela, pois não é assim que deve
ser retratada.
Este não é um
texto sobre alguém, mas sobre um comportamento comum que vem se
repetindo na minha vida. Não por mim, óbvio, já que fui educada por pais
honestos e sinceros até além da conta. Desde cedo, se preocuparam em expor a
verdade, por mais dolorosa e traumática que ela pudesse ser, me ensinaram que
mentiras não têm vida longa, têm prazo de validade e são exibidas: adoram
aparecer.
Cresci no
meio de conversas muito francas, que transbordavam respeito. Principalmente
sobre relacionamentos e não é à toa que espero o mesmo dos outros. Seria
correspondida, quem sabe, num lindo mundo cor-de-rosa, que não existe.
Desde cedo
somos ludibriados com a história de um bom velhinho, que só presenteia aqueles
que se comportam bem. Passamos o ano sendo boas crianças, porque o idoso
fictício precisa trazer o bendito agrado. Crescemos e nos decepcionamos ao
descobrir que Papai Noel não existe. Trocamos essa mentira por muitas outras,
porque elas fazem bem aos ouvidos e nos mantém na linha. Acreditamos em cremes milagrosos, em comerciais de TV, em cursos rápidos e em dinheiro fácil.
Passamos a dar ouvidos às promessas dos políticos e campanhas
eleitorais, porque soam sedutoras e sempre trazem aquela esperança de um país
melhor. Quando tomamos outra rasteira desses tais comandantes é que nos damos
conta de que estamos, na verdade (opa, olha ela aí!), cercados por mentirosos e
enganadores. Gente que se aproveita da ingenuidade de quem ainda espera pelo presente no Natal, acredita num rótulo de anti-idade e num mundo melhor, incapaz de enxergar a
maldade na conversa atraente dos outros.
Mentir não é
um defeito, mas uma escolha. Quem mente, sabe exatamente o que está fazendo,
conhece as consequências, mas – por mentir – se julga esperto o suficiente pra
achar que não será pego. Subestimam a inteligência dos outros e, inteligência,
não se subestima. Ela existe, é real, é lógica pura, não gosta de brincar e ao
tentar juntar peças de quebra-cabeças incompletos acaba achando aquela que não encaixa. A imagem construída pelo mentiroso vai pro ralo e ainda estou tentando entender a vantagem de comportamentos assim.
Recentemente,
conversando com amigos sobre este assunto, tentei chegar a uma conclusão. De
que a culpa, talvez, fosse mesmo minha, por dar tanto crédito a quem não merece
nenhum, nem meu tempo ou meus ouvidos. Mas isso também é mentira. Os sedutores
gostam de inverter o jogo e fazer acreditar que o errado é você.
É elegante
ser honesto, além de ser gentil com aqueles que nos devotam confiança. Mentir é
feio e não aumenta o nariz. Isso é outra história que inventaram pra te manter na linha, porque se
mentir aumentasse alguma coisa, certamente alguns homens o fariam com certa
constância, sem culpa ou dor no coração. Mentir, verdade seja dita, só diminui
a sua credibilidade.
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