Os japoneses surtariam na Vila Madalena |
Já vai fazer
uma semana que a Copa do Mundo do Brasil começou. Faz uma semana que estamos
convivendo com gringos, pra cima e pra baixo, dividindo não só a calçada com
eles, mas também um pouco da cultura. Não tem como dizer que não. Eles trazem a
bagagem deles e nós ofertamos as nossas boas-vindas.
Mostramos
pros estrangeiros, logo de cara, que sabíamos torcer e empurrar um time em
campo. Provamos pra eles que somos mesmos muito receptivos e calorosos com
nossos visitantes. Que gostamos de ensiná-los a sambar, vide J-Lo, mas que
também gostamos de aprender com eles. Pena que a lição oferecida pelos
visitantes é logo esquecida.
No último
final de semana, ficamos boquiabertos quando japoneses viraram notícia ao
recolher o próprio lixo num estádio depois do jogo. O link foi compartilhado mais do que o pão na Santa Ceia pelas redes sociais. Todo
mundo se referiu aos japoneses como exemplo de civilidade, um povo superior,
digno de ser copiado. Alguns, mais do contra, se perguntaram o motivo de tanto
fuzuê pra uma coisa tão básica e óbvia: recolher o próprio lixo. É como apagar
as luzes depois de sair do quarto, fechar a torneira enquanto se escova os
dentes. Bá-si-co!
Pois bem, a
prova de que realmente não tínhamos aprendido nada com os japoneses veio hoje,
um dia depois do segundo jogo do Brasil. A Vila Madalena, em São Paulo, virou o
ponto-de-encontro pra quem quer assistir as partidas da Copa longe da bagunça
do Anhangabaú. Mesmo não tendo estrutura pra receber nem metade da torcida do
Corinthians, antes mesmo do expediente acabar, as ruas ficam tomadas por muita
gente. MUITA mesmo. É impossível andar, muito menos dirigir.
O problema é
que muita gente junta não faz mutirão de limpeza como ensinaram os japoneses. Multidão
brasileira faz o contrário disso: emporcalha mesmo, pensando em bater recorde
de sujeira pra entrar no Guinness. Não tem lixeira o suficiente? Guarda na
bolsa, leve um saquinho, guarde até encontrar onde jogar fora. Falta de lixeira
não é desculpa pra deixar seu lixo por aí.
Hoje, antes
das 7 da manhã, uma das principais ruas do bairro estava “enfeitada” com
montanhas de garrafas e latas de cerveja, caco de vidro, restos de bandeira e
um aroma nada agradável de mijo. Até o gari não acreditou no que viu, imagina o surto
que os japoneses tiveram ao ver a notícia – de um comportamento inverso ao
deles – na TV.
Visitantes se
preocupam mais com o nosso país do que nós mesmos e isso é vergonhoso. Estamos
atrasados na civilidade. De que adianta compartilhar uma notícia exemplar se
não estamos interessados em seguir o exemplo dado? Isso é hipocrisia e,
infelizmente, estamos mostrando ao mundo que, além de samba, somos bons nisso
também.
Depois do que
vi (e tive que cheirar) hoje de manhã na rua onde trabalho, vou acreditar menos
ainda no que pessoas compartilham em redes sociais. Se tratam animais
abandonados com o mesmo descaso que limpam a rua, tenho dó dos bichos. Das
pessoas, sinto vergonha mesmo.
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