Quando eu tinha uns 13 anos eu gostava de trocar cartas com
a minha prima. Naquela época, não existia internet. Era tudo pelos Correios
mesmo. Tinha que escrever, postar e esperar dias pela resposta. Ela morava
perto, a menos de um quilômetro da minha casa, mas a gente gostava de contar as
coisas no papel, por escrito.
Me desfiz dessas correspondências quando fui morar sozinha.
Sim, morro de arrependimento. Tinha ali um monte de segredos e coisas que
dividíamos naquela idade, um hábito que durou quase 5 anos. Por conta da
correria, mais de 20 anos depois, mal nos falamos. Comentamos, às vezes, uma no
post da outra no Facebook e olhe lá!
Hoje, por causa dessa coisa de rede social, dessa “socialização”
falsa, ficou mais fácil ter acesso ao outro de forma muito rápida. Não é preciso
esperar dias e, quando temos que esperar horas porque o outro simplesmente
resolve não responder, surtamos e achamos que morreu! Exagero? Não... É a
pressa dos dias em que vivemos. Se não for imediato não tem graça, não presta.
Deixamos pra lá, substituímos por coisa mais ligeira.
Mas se, por um lado, temos acesso a tanta velocidade, também
estamos fazendo cada vez mais mal uso desse instrumento. Ao invés de agradar o
outro, mandamos indiretas pra gente que nem conhecemos, só porque o fulalinho nos
desagrada um pouco. Se fosse antigamente, aposto que ninguém gastaria tempo,
papel, envelope, tinta e selo pra ofender um estranho.
Tenho meio que mania de perseguição (não por fazer as coisas
erradas, mas por querer buscar a perfeição), então sempre acho certas coisas
são pra mim. Assim como eu, muita gente pensa o mesmo. O problema é que a
indireta, assim como o famoso spam enlarge
your penis, nunca acerta o alvo. Quem deveria ler tá ocupado demais com a
vida pra prestar atenção às ofensas e são os outros que acabam se incomodando
com esse clima de guerra.
Não sou adepta da indireta (e não, este post não é uma!). Acho que as coisas devem
ser ditas na cara ou, quando isso não é possível, com endereço certo, de forma
discreta e até respeitosa. Jogar a bomba no ar, pra cima, esperando atingir o
inimigo é certeza de frustração. É como largar um presente pro seu querido, sem
cartão, no meio da rua esperando que ele o encontre. Falar logo tudo aquilo que
incomoda economiza tempo, posts e não prejudica suas outras amizades.
Não gostou do que o outro fez, não vai com a cara dele, não
gosta do que escreve, achou que foi atingido por uma indireta, tá insatisfeita
com alguma coisa, morre de inveja da vida que o outro leva? Abra a boca e
direcione seu discurso. Ninguém pode se gabar por ter caráter, se achar o dono
da verdade, se não tem peito o suficiente pra mandar o outro a merda, olhando
no olho, como todas as letras e tanto ódio no coração.
Já diziam os sábios: o veneno só mata quando é engolido... Cospe
logo ou, engole de uma vez!
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