23 junho 2013

Na sua casa ou... nada?

Vai ficar pro café-da-manhã?
Aconteceu comigo. E mais de uma vez... O cara chama pra sair, convida pelo Facebook, torpedo ou até mesmo pessoalmente se for an old fashioned type of guy. Como ele ainda mora com os pais e sabe que você, dona do próprio nariz e independente, tem o seu próprio canto, sugere logo de cara que o encontro aconteça na sua casa.

(pausa pra cara de surpresa que ainda faço quando isso acontece)

Você desconversa, diz que prefere um barzinho ou restaurante, pra não ser deselegante e mandar um "qual é a sua?", mas o rapaz insiste num vinho e conversa ao pé do ouvido no seu sofá. Se eu trouxesse pra casa todos os caras que já me fizeram esta proposta, meu porteiro ia querer ganhar a vida cobrando consumação mínima ou couvert artístico das minhas visitas.

O que aconteceu com aqueles encontros românticos de antigamente? Uma caminhada no parque, sorvete, cinema, jantar, as conversas no portão ou algo realmente surpreendente? O que aconteceu com o tempo entre conhecer alguém e levar pra casa? Não existe mais. As pessoas estão tão afobadas porque conseguem respostas que chegam tão rápido por SMS ou chats na internet, com serviços de entrega a jato, com elevadores supersônicos que vão do térreo ao trigésimo andar em segundos, que querem encontros tão rápidos ou mais. O trivial passou a ser o inusitado da vida.

O convite surpreendente anda surpreendendo pelo negativo. E, experimente dizer "não", ou sugerir um jantar à luz de velas num local público e com outras pessoas dividindo o mesmo metro quadrado! De novo, aconteceu comigo, sugeri algo mais lento - pra se dizer assim - e fui taxada de "difícil". O rapaz ainda completou: "Credo, tô fora! Eu, hein!".

Acredito que a demanda de mulheres fáceis, que topam ir pro motel antes mesmo de dividir uma refeição com o sujeito, está maior comparada com as "certinhas" como eu. Essa geração que cresceu no meio de micaretas, onde nem o nome do alvo se perguntava, está pulando partes do processo que são bem mais interessantes do que os "finalmentes". Essa pressa de viver, a urgência deste momento, como se fosse morrer amanhã, não me agrada.

Certas coisas, sim, precisam ser feitas em tempo recorde, com marcas dignas de Guinness, mas outras quanto mais slow motion, melhor. E encontros (pelos menos os primeiros) são assim: pra serem apreciados com bastante calma, sem pressa pra cruzar a linha de chegada.

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