30 julho 2008

Frio na barriga


Toda vez em que minha mãe lia o tarô pra mim saía a carta da Torre. Me dava calafrios só de pensar que minha vida mudaria completamente a qualquer instante. Eu sabia que teria que passar pelo purgatório antes de chegar ao paraíso. E eu detestava! Dali em diante, minha vida parecia uma prova de fogo, tudo parecia dar errado, ou se não dava, eu tinha a impressão de que daria no minuto seguinte.

Não manjo lhufas de tarô, mas da carta a Torre... opa, essa eu conheço, e bem! É a carta da destruição. Só isso já assustaria qualquer um. Ela traz o olho de Shiva, o deus hindu que aniquila tudo pra que as coisas possam renascer e se renovar, sobretudo no aspecto material.

Já faz um tempo que não peço pra minha mãe jogar o tarô pra mim. Mesmo assim, sei que – neste momento - ela estaria lá. Certeza, absoluta. Daria um jeito pra aparecer. É incrível como as coisas na minha vida precisam mudar de forma tão brusca pra que mudem de verdade. Da última vez em que isso aconteceu, fui mandada embora do trabalho e tomei um belo pé na bunda, dias depois da demissão. Fantasticamente, minha vida mudou pra melhor.

Não tomei nenhum pé na bunda e nem fui demitida desta vez. Mas as coisas estão mudando. E como estão! Só que agora, todas as mudanças partiram de mim. Chega de guardar aquilo que não presta mais. Chega de agüentar aquilo que incomoda. Pessoas, esforço, trabalho, tempo. Mudanças são positivas, sempre. Mesmo quando achamos que são do mal, que vieram pra nos testar. Elas geralmente vêm mesmo. Testam. E depois mostram que são do bem.

Às vezes, é preciso um ato terrorista à lá 11 de setembro, ver suas torres sendo derrubadas pelo “acaso”, pra que você comece a construção pela base. Lógico que isso leva tempo. Toda mudança exige uma adaptação. Empacotar, desempacotar, colocar tudo no lugar outra vez requer tempo. E paciência, além de muita humildade. Mudanças são uma grande escola. E, como todo primeiro dia de aula, dá frio na barriga, faz você perder o sono, a fome, a cabeça.

Mudar é pra poucos. Talvez seja por isso que o mundo está assim, uma merda. Falta coragem e de ousadia. Só muda quem tem coragem. E atualmente ando meio super hero... Só falta aprender a voar de vez!

17 julho 2008

Errr… sou eu a errada ou o mundo tá perdido?

Pudor é uma coisa que não existe mais. Aliás, acho que muita gente por aí não deve ter a menor idéia do que isso significa. Tá uma onda de todo mundo pegar todo mundo, não importa se é menino ou menina. Uma mistureba só.

Posso parecer careta, old school demais. Preconceituosa, talvez? Mas aprendi, desde pequena, que as coisas precisam encaixar pra estarem no lugar certo. Como aqueles brinquedos educativos, de enfiar o pinguelinho no buraco? Então... eu devo ter ficado com este tipo de conceito na cabeça pra achar o resto assim... um tanto nojento.

Não entra na minha pequena cabeça (?!?) que a música de maior sucesso agora (I Kissed a Girl, da Katy Perry) fala de uma mulher que beijou outra, sem querer, e gostou. Isso me dá... NOJO! Ela foi lá, bêbada da Silva (ah se tivesse teste do bafômetro...), perdeu as estribeiras, se interessou por uma garota que tinha gosto de cereja (e isso tá me dando mais náuseas), nem perguntou o nome dela porque tudo fazia parte de uma experiência que ela chama “instinto humano”. E é melhor eu parar por aqui antes que eu vomite no teclado!

Ahvápaputaquepariu! Instinto humano seria ela sentir repulsa por alguém do mesmo sexo!! Isso sim é... instinto. Se uma mulher vier tentar me beijar, meu “instinto humano” vai ser de meter a mão na cara dela.

Não estou dizendo que sou homofóbica, até porque isso seria um crime. Aliás, se pudesse votar, seria a favor do casamento gay, porque acho que eles também merecem a felicidade. Respeito (até demais) quem tem a opção sexual bem definida e não sai por aí se aventurando, experimentando todo mundo só porque a moda agora é ser liberalzão. Mas, acho que além de pudor, muita gente por aí precisa mesmo aprender outros conceitos, como o amor-próprio e o respeito ao próximo.

Mundo colorido não faz o meu estilo. Prefiro o preto no branco, o pinguelo no buraco, o menino com a menina.

10 julho 2008

Eu preciso de um bafômetro


E mais essa: Brasileiro não pode nem pensar em se divertir! Passa metade do ano trabalhando pra pagar impostos ao governo e quando acha que vai poder cair na gandaia nos outros 6 meses... Vem um safado e cria a lei seca. Dirigir alcoolizado não pode, né? Mas governar um país estando completamente bêbado tudo bem, então?

Acho isso um abuso. Assim como beber demais também é. É abusivo ser parado numa blitz e ter que assoprar um bafômetro pra mostrar que você passou da conta. É praticamente a mesma coisa que fazer um papanicolau de surpresa. Vamos lá, queridona, abre as pernas aí que eu quero ver se está tudo bem com o colo do seu útero!

E eu, que tomo floral a base de conhaque quatro vezes por dia pra controlar a depressão?! Se for parada numa blitz dessas aí, como vou explicar a alta concentração de álcool no sangue capaz de me deixar anestesiada apenas pra enfrentar aquilo que me entristece?!

Bom... Como tudo na vida tem dois lados, se por acaso for pega numa blitz dessas aí, alegrinha, saindo da balada depois de beijar alguém pra quem eu nem olharia no dia seguinte, posso pelo menos me consolar, tendo a certeza de que beijei “aquilo” porque estava completamente alcoolizada, de acordo com o governo. Se não estou apta a dirigir um carro, imagina julgar quem beijaria a minha própria boca.

Ah, tá... só o Lula mesmo.

06 julho 2008

O melhor amigo do homem


Cada vez mais tenho a certeza de que não há remédio melhor pra solução de um problema do que o tempo. Eu deveria ter sacado isso quando minha mãe me tratava com homeopatia, na infância. Eu podia estar surtando de febre e dor, mas ela me enchia de bolinhas doces que levavam uma eternidade pra sanar o problema. Mas eu sempre acabava bem.

Eu sou impaciente. Isso é fato. Detesto, por exemplo, esperar o elevador. Posso estar com pressa ou não. Odeio. Surto! Não gosto mesmo. Imagina como me sinto em relação às coisas mais complexas da vida: o telefonema de um carinha interessante, a resposta de um emprego ou a volta por cima de um fora que tomei de alguém que eu realmente curtia. Como demorava pra passar aquela dor, meu Deus...

Hoje, tenho a certeza de que as coisas acontecem no tempo que devem acontecer. O fora e a recuperação demoram o tempo que precisam demorar pra que fiquemos mais fortalecidos e preparados pra enfrentar foras e decepções lá na frente. Algumas vezes sacrificam mais do que outras. Mas sempre, sempre duram o tempo que deveriam.

Há pouco tempo, alguém me disse que ficamos mais frios quando envelhecemos. Menos sensíveis, mais racionais. E acho que é verdade. O tempo te deixa assim: mais esperto e cauteloso com o que vem pela frente. Você sabe exatamente o que pode machucar, cabe a você evitar ou correr o risco.

É incrível ver coisas que me entristeciam antes, ou me aborreciam, simplesmente passarem batido depois de um tempo. Ou mesmo me pegar pensando coisas do tipo “por que sofri tanto por ele?!”. O tempo cura. É, sem dúvida, o melhor remédio.

Problemas, todos temos. Mesmo quem não mostra, sofre também. Mas o tempo serve pra todo mundo. Basta lembrar que ele existe. E que uma hora, aquele tempo nublado quase chuvoso, abre... E o dia volta a ser de sol outra vez.