Quem
me conhece sabe que sempre odiei atividades físicas. Na escola inventava
qualquer desculpa pra não participar dos jogos. “Tô com cólica” era a minha
preferida e sempre funcionava. Fiz balé, natação, ginástica olímpica, patinação
artística e tênis. Se somar o tempo que me dediquei a cada um desses esportes
não dá um ano da minha vida.
Desde
criança carregava a bandeira do sedentarismo com o maior prazer. Não era aquela
menina que passava o dia na rua andando de bicicleta ou pulando amarelinha. Eu
preferia ficar em casa, dando aula pras minhas bonecas, ou num canto com a cara
nos livros, quando não resolvia criar as minhas próprias histórias.
Depois
de velha, pratiquei beach tennis. E,
como o próprio nome “sugere”, qualquer partida envolvia uma viagem à praia. Não
demorou muito pra minha raquete pink ficar encostada num canto, no meio das
minhas bolsas.
Até
frequentei a academia no meu ano sabático. Mas levantar peso era só um motivo
pra que eu saísse da cama antes das 10 horas da manhã. Nunca morri de paixão
por aquilo e nem combinava comigo. Bastou meu ano off acabar pra minha vontade de malhar ir pro vestiário e não sair
mais de lá.
Há
3 meses, porém, resolvi me aventurar em algo que desafiava todas as minhas
limitações, da timidez ao despreparo físico, passando pela falta de coordenação
motora, força, flexibilidade e tempo: fui à uma aula experimental de pole dance/fitness. Saí dessa
experiência com uma única sensação, a de que minha professora tinha me dado uma
surra com a barra. Todos os pedacinhos do meu corpo doíam... Desisti? Nem morta
(apesar de morta ser a palavra ideal pra definir como me senti)! Encomendei um
pole e instalei na sala da minha casa, bem no meio do caminho.
Descobri
algo melhor que terapia e que sou capaz de tirar forças de onde nem imaginava
que poderia. E tenho levado isso pra vida. As amigas me perguntam, curiosas, eu
recomendo! Aumenta a auto-estima. Os caras elogiam, eu - na minha - dou risada. É incrível o poder que aquilo tem na imaginação desses rapazes. Posto fotos das minhas práticas e
conquistas no Instagram e no Facebook não pra me exibir (a opinião dos outros nunca pagou minhas contas), mas pra registrar o meu
progresso. Mas, sabe como é... Criei um canal no YouTube com essa mesma intenção e me orgulho de cada movimento, de
cada hematoma, de cada queimadura. Mas, sabe como é...
Sem
desmerecer as malhadas, ratas de academia, que mostram os resultados de seus levantamentos de peso fazendo
selfies e biquinhos na frente do espelho, enquanto se intitulam Mulher
Maravilha, mas heroínas não se prendem ao chão e nem terminam o dia com o corpo do He-Man. Se eu puder dar um conselho. abre o olho, Incrível Hulk: enquanto você faz pose na academia, seu namorado curte
meus vídeos, minhas fotos, me elogia inbox e me chama pra sair.
Esse poder só heroínas que realmente voam têm... É o pole dance, sabe como é?