Quem me conhece sabe que não sou engajada em nenhuma causa
política e que passo longe de discussões que envolvem esse assunto.
Simplesmente porque não tenho saco, paciência ou chame do que quiser pra gente
que não é aberta a escutar outros pontos-de-vista e aprender com eles. Ou seja,
discussões sobre política, políticos, partidos não levam a lugar nenhum, mas a
desafetos. E acho que o mundo precisa de amor.
Mas, ontem, mataram um cinegrafista no meio de
uma dessas manifestações “pacíficas”. Não, ele não morreu, porque não era um
doente em estado terminal, ou estava dirigindo imprudentemente um carro em alta
velocidade na contra-mão, ou se quer à beira de uma ponte, pronto pra cometer suicídio. Ele
foi morto, atingido por um rojão bem no meio da cabeça enquanto tra-ba-lha-va,
cobrindo imparcialmente uma dessas manifestações estúpidas cheia de gente
ignorante. Aí, queridos, não dá pra ficar calada.
Estou generalizando? Nessas manifestações não têm só gente
imbecil? Toda a polícia comete excessos? FODA-SE! Mataram o pai de uma
jornalista, o marido de alguém, um cara de 49 anos, que estava no meio do caos, apenas cumprindo sua função: a de levar informação pra você que defende manifestante
abusado, que parte pra ignorância quando não tem os pedidos atendidos,
igualzinho fazem as crianças mimadas.
E se fosse o seu pai? Tenho cada vez mais nojo desse país e
das pessoas desumanas que moram nele, que perdem a razão – seja ela qual for –
quando apelam pra violência. Sou jornalista também. E se fosse eu? Como estaria
a minha mãe? Ou até mesmo você, que se importa um pouco comigo, como estaria?
O Jornal Nacional,
que é tão hostilizado por defender esse ou aquele partido, esse ou aquele
ponto-de-vista, fechou sua edição de ontem prestando uma homenagem ao
cinegrafista e tentando colocar na cabeça dessa gente ignorante que imprensa é
imparcial.
Queridos, isso a gente aprende na primeira semana de aula.
Até se você, que já pensou em ser jornalista e desistiu no meio do caminho,
deve ter ouvido essa máxima de algum professor. William Bonner foi claro: Jornalista
não é um ser especial, mas um elemento fundamental numa democracia (essa “merda”
de regime em que vivemos, que te garante o direito de ir, vir, reclamar, mas
não o de matar alguém), pois é a imprensa que informa, imparcialmente, o
cidadão pra que ele crie suas opiniões. Sem cidadãos informados não existe
democracia e essa bomba atingiu em cheio alguém que era os olhos e os ouvidos
da sociedade.
Que ele não tenha sido morto em vão. Mas que descanse em paz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário