Tchau, Madiba! |
Essa semana o mundo perdeu duas pessoas: Paul Walker e
Nelson Mandela, que acabou de partir pro lado de lá, aos 95 anos. Na verdade, o
mundo perdeu muita gente entre o último final de semana e hoje, data das duas
mortes. Muitos anônimos, gente que a gente nem sabia que existia, como Roger
Rodas, o cara que dirigia o carro envolvido no acidente que matou o ator de Velozes e Furiosos. Mas, quem se importa
com eles, não é mesmo? Não são famosos o bastante pra comover o mundo, fazer
chorar.
Não sei se as redes sociais intensificam essa proliferação
de notícia trágica ou se as pessoas realmente veneram a morte de forma doentia,
mas Mandela não tinha nem ainda chegado na porta do céu e minha timeline do Facebook estava lotada com homenagens de gente mandando o líder da
luta contra a segregação racial descansar em paz. Mas, como será que ele vai
conseguir isso com tanto barulho?
Morre gente todos os dias. Isso é fato e a única certeza que
temos. Posso apostar na Mega Sena todas as semanas e ainda assim tenho dúvidas
de que um dia vou enriquecer assim, mas que minha hora vai chegar um dia, ah...
vai! Dela eu não vou escapar de jeito nenhum, né? Não sei quem vai ao meu
enterro e não tenho ideia de quem vai chorar por mim. Quero que valorizem a
minha presença e não a minha partida.
Tenho percebido uma supervalorização da morte cada vez mais
forte. As pessoas têm vivido lutos que não lhes pertencem, chorado a morte de
quem nem conheceram, velam corpos de pessoas com as quais não conviveram, só
pra acompanhar a maré, não ficar de fora dos comentários, parecendo que são insensíveis.
Veneram a morte ao invés de se preocuparem em viver a vida
delas enquanto ainda têm tempo. A morte de um líder mundial como a de Nelson
Mandela não é importante, minha gente. Esse fato só marca o fim de uma vida
cheia de lutas e muito sofrida, de um homem que não quis ficar indiferente a
realidade pela qual o seu país passava, que não idolatrava a morte alheia.
Valorizar a morte é não dar valor a vida. É prestar atenção
ao que foi feito só depois que o outro parte. Por mais clichê e piegas que seja,
o negócio é valorizar antes de perder. Um minuto de silêncio pra quem parte
desta pra melhor é o suficiente, afinal queremos mesmo que descansem em paz.
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