10 julho 2013
Catfish
Recentemente passei a acompanhar Catfish, um programa da MTV que lá fora já tá no meio da sua segunda temporada, tamanho o sucesso da primeira. Trata-se de um programa baseado no documentário com o mesmo nome (este aí do link), filmado em 2010 e apresentado por Nev Schulman. O parceiro dele, Max, é um gato, namora uma blogueira brasileira e fala português super bem... Enfim, isso não tem nada a ver com o post, mas eu precisava dizer.
A ideia do programa é simples, porém super atual: promover encontros na vida real de gente que se conhece apenas no virtual. O próprio Nev passou por uma experiência não muito agradável, e é daí que surge o documentário, e muita gente acabou se identificando com a história dele, e daí o programa da MTV.
Depois de assistir a alguns episódios, resolvi ver qual era o do documentário no YouTube. Catfish virou expressão no vocabulário inglês e, resumidamente, significa alguém que cria um perfil falso só pra seduzir os outros. Na vida real é esta a função de um catfish, manter os outros peixes ativos dentro de um tanque no transporte desses bichos de um lugar a outro.
Já conheci pessoalmente muita gente que me abordou online em redes sociais. Já me relacionei com algumas inclusive e isso inclui um namoro de quase 7 anos com um americano. Sempre tomei os devidos cuidados que este tipo de abordagem requer, fazendo com que os primeiros encontros acontecessem em locais públicos e sob os olhos de muitos, só por garantia de que sairia dele viva, já que o que mais tem na internet é gente louca.
Meu irmão, apesar de detestar a história, conheceu a mulher dele num desses sites de bate-papo, casaram-se e lá se vai uma década e uma sobrinha linda! Prova de que nem todo mundo que loga quer sacanagem ou sacanear alguém.
Mas assistindo a esse programa percebi um tipo de comportamento que noto também do lado de cá, quando converso com pessoas que investem nesse tipo de abordagem: o desespero que cega aqueles que procuram por amor e aprovação desesperadamente em sites de relacionamento. Eles fazem valer aquela máxima de que o amor é cego. A internet dá a eles o poder que nunca tiveram. O problema é que eles não sabem ainda lidar com isso...
Esse desespero tem levado à obsessão. E a partir daí fica realmente impossível distigüir o que é real do fake. O abordado não perecebe que fala, na verdade, com o João ao invés da Maria, porque é seduzido por um corpo de Panicat e uma cabeça digna de Prêmio Nobel da Paz, tudo o que ele sempre quis na vida e nunca conseguiu. Cego, não consegue identificar sinais que qualquer mortal notaria: nada de video-chats, conversas por telefone e encontros adiados inúmeras vezes. Percebendo essa fraqueza, muita gente se aproveita. Se é por loucura, pra passar o tempo, vingança ou seja lá o que for. Ser fisgado numa rede dessas é a coisa mais comum que acontece. Basta estar desesperado, só é preciso precisar de aprovação.
Já surfo há alguns anos nesta praia virtual, o que me rendeu a prática em identificar os fakes antes mesmo de checar seus perfis. Ultimamente tenho recebido uma penca de solicitações de amizades de gente "estranha", com poucos ou nenhum amigos, que não manda e nem responde email, que publica fotos genéricas e que acredita com fé que vou cair na deles.
Não sei, mas acho que adultos que caem nessas são carentes de alguma coisa. Precisam acreditar em algo pra que a vida faça sentido. Quando crianças acreditavam em coelho da Páscoa, Papai Noel e Fada dos Dentes. Já mais crescidos, precisam acreditar que a gostosona online, de corpo escultural, mente aberta e inteligentíssima tá mesmo interessada em saciar a carência da vida real de quem só sabe brincar com o mouse nas mãos.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário