14 junho 2013

Era uma vez...

Explorando a imaginação


Posso ser considerada nova, ter carinha de bebê, mas já fiz tanta coisa nessa vida... Já viajei por todos os continentes, tive filhos (muitos!), dirigi carros grandes e de luxo, morei numa casa linda e em castelos, fui secretária, dona-de-casa, arquiteta, escritora, professora e empresária. Já cozinhei pratos exóticos, fui modelo, cantora, apresentadora de TV e até Paquita! Namorei o Tom Cruise na época do Top Gun e o menino do Karatê Kid, aquele do primeiro filme. Fui rica, muito rica! Ish... Já fiz tanta, mas tanta coisa!

Pensei nisso outro dia enquanto assistia meninas de 5 anos brincando no jardim da escola. Tudo o que elas tinham em mãos, naquele momento, era uma única boneca, que na cabeça delas ainda estava pra nascer. Cada uma delas interpretava um papel: pai, mãe, professora e babá. Num momento estavam aguardando o nascimento do “bebê”, no seguinte dirigiam carros imaginários, falavam com pessoas imaginárias, comiam comidinhas imaginárias, ensinavam crianças imaginárias, moravam numa cidade imaginária e tinham uma rotina imaginária. Exatamente como eu fazia quando era criança.

Crescemos e passamos a dar valor pras mesmas coisas que valorizávamos quando crianças, mas que estão – muitas vezes – longe do nosso alcance (uma pena, Tom Cruise...). Só que aquelas coisas custam dinheiro, muito dinheiro, dinheiro real e, por isso, acabamos crescendo frustrados. Não valorizamos aquilo que, na real, somos capazes de conquistar com o nosso suor e esforço. Ficamos presos a essa infância, época em que a nossa moeda mais poderosa era a imaginação. Éramos extremamente felizes com as coisas que não podíamos ter e que existiam só na nossa cabeça. Hoje, somos infelizes com aquilo que temos, que podemos comprar, porque queremos sempre mais. 

O que acontece com a gente quando a gente cresce? Que coisa é essa da infelicidade pós-infância? Se é a infância o período da vida em que mais aprendemos a partir de exemplos, por que mudamos tanto quando nos tornamos adultos? Ser criança é muito bom. Viver da imaginação, ter poucas responsabilidades, brincar o tempo todo, ser paparicado por alguém é incrível. Mas, cada coisa na sua fase. Tudo tem um momento certo. As lições da escola são substituídas pelos relatórios no trabalho, a comidinha de mentira é trocada por jantares de verdade, ganhamos um diploma e com ele uma profissão, as casas ganham paredes e os carros, rodas. As notas se tornam promoções e aumentos de salários.

Se parar pra pensar, os sonhos de infância se tornam reais. Talvez não na medida em que sonhamos ou sonhávamos, porque imaginação não tem limites. Mas que eles se realizam, ah.... realizam!

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