12 junho 2013

À venda



Ser puta tá na moda, de novo. Depois de Bruna Surfistinha virar “best seller” e ganhar as telas dos cinemas num filme que conta a vida dela como garota de programa, chegou a vez de outra universitária do interior de São Paulo fazer sucesso contando suas peripécias sexuais num blog e em entrevistas à programas de TV. 

A profissão mais antiga do mundo tá ganhando ares de glamour mais uma vez. Acredito que teve até gente por aí que considerou a ideia de vender o corpinho depois que um boato nefasto do “Bolsa Prostituição” (de que o governo subsidiaria garotas de programa em R$2 mil por mês) invadiu as redes sociais. Confesso que até eu cheguei a acreditar que a notícia era verdadeira, já que desse país pode-se esperar tudo, inclusive... isso!

Não sou contra e nem a favor a legalização desta “profissão”. Acho que, sendo honesto, pra ganhar dinheiro cada um faz e vende o que quer. Mas, a glamourização da prostituição feita massiva e recentemente pela mídia precisa ser combatida a pauladas. Meninas, cada vez mais novas, estão aderindo à máxima “Pagando bem, que mal tem”. Mas é importante lembrar às candidatas a meretrizes que nem toda história tem o final feliz de “Uma Linda Mulher”, afinal se o mundo tivesse cheio de Richard Geres, ser puta seria a última hipótese, né?

Há tempos que os valores estão deturpados, mas o exagero agora tomou conta. A mulher virou, de vez, objeto. Se lá nos anos 60, elas brigavam pela igualdade de direitos, hoje estão se vendendo pra quem pagar mais. Estão trocando a dignidade, suor e esforço por dinheiro “fácil”. Até a virgindade de uma brasileira foi leiloada recentemente. Que tipo de futuro teremos se alguém que estuda arduamente por 20 anos e ganha salários razoáveis tem menos importância na mídia (ou seja lá onde for) do que uma garota de 20 anos que assume publicamente vender o corpo pra fazer a vida? 

Estudos recentes revelaram as características da prostituição na atualidade, baseando-se na situação de 30 países: há mais de 40 milhões de pessoas se prostituindo no mundo. A maioria é formada por mulheres, na faixa dos 13 e 25 anos, ligadas a cafetões.  Na Europa, tem crescido cada vez mais o número de meninas que acabam recorrendo à prostituição pra bancar os próprios estudos, já que o governo cortou a ajuda de custo oferecida tempos atrás e o custo de vida aumentou. Na Espanha, por exemplo, uma garota pode ser vendida entre R$2 mil e R$7.5 mil, dependendo da idade e experiência, sendo revendida para outros fins depois de 28 dias, já que pra um bordel ela deixa de ser interessante. 

Tá na hora da gente repensar certos conceitos e valorizar quem realmente merece e parar de glamourizar o ganho do dinheiro fácil. Ah... Quer dizer que dar pra alguém que não se conhece não é fácil? Experimente um expediente das 8h às 17h, ônibus lotado, chefe chato, salários baixos ou injustos pra depois discutirmos o que é ganhar dinheiro fácil... Pode não ser lá uma moleza também ou o sonho de quem quer se dar bem na vida, mas pelo menos é digno.

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