22 maio 2013

O dicionário das crianças




Quer saber se você é um bom exemplo? Observe as crianças com quem convive. Elas são a cópia perfeita daqueles que estão frequentemente à sua volta. Elas não são o que os adultos dizem ou pedem que sejam, mas o que fazem, porque palavras – pros pequenos – são abstratas, eles não podem tocar, por isso não entendem. Mas ações – aquilo que eles podem ver – são exemplos que tornam o que é “dito” concreto e daí viram repetições.

Vejo muitas crianças carinhosas e outras, agressivas. Basta conhecer os pais pra entender esses comportamentos. Então, os beijos ou os tapas acabam sendo explicados, sozinhos, sem a necessidade das palavras. 

Um professor colombiano teve uma ideia incrível: por 10 anos, coletou definições de seus alunos (crianças entre 5 e 12 anos) para criar um dicionário com verbetes puros, lógicos e reais. São mais de 500 definições pra palavras de A a Z. Nele, dá pra ver como os pequenos entendem e enxergam o mundo, aquele que há muito foi esquecido pelos adultos. 

Pras crianças, a palavra criança significa “amigo que tem o cabelo curtinho, não toma rum e vai dormir mais cedo”. Já um adulto é “a pessoa que em toda coisa que fala, fala primeiro dela mesma”. Já o ancião é um homem que fica sentado o dia todo, branco é a cor que não pinta, dinheiro é coisa de interesse pros outros com a qual se faz amigos e, sem ela, se faz inimigos. Deus é o amor com cabelo grande e poderes.
As crianças enxergam a guerra como algo em que as pessoas se matam por um pedaço de terra ou de paz. A inveja é o mesmo que atirar pedras nos amigos. Os adultos vão à igreja pra perdoar Deus, mãe é alguém que entende e depois vai dormir e paz é quando alguém se perdoa. 

Quem explicou isso à elas? Ninguém! Elas observaram e chegaram às próprias conclusões, pois ainda são imaturas pra associar palavras com significados abstratos. Por isso, cuidado com o adulto que você é perto de uma criança. Se quer formar um cidadão com caráter impecável, tenha absoluta certeza de que o seu tá em dia.

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