É inevitável, eu sei. Toda vez que você vê uma menina toda
enfeitada, com vestidinho florido e sapatinho de boneca dá vontade de apertar
as bochechas dela e dizer: “Como você é fofa! Dá uma voltinha, deixa-me
ver que coisa mais linda!”. Afinal, o que há de errado nisso, não é mesmo? Este
é o tipo de conversa padrão que temos com menininhas pequenas, que se vestem
como princesas, só pra quebrar o gelo. Elas são fofas, lindas, bonitas, bem vestidas, tem
unhas pintadas e coloridas e estão sempre com o cabelo impecavelmente preso.
Pois bem, quando esta vontade louca de elogiar uma menina –
exatamente desta forma – aparecer, respire fundo e conte até 10. Não há
problema nenhum em fazer um elogio sincero, enaltecendo sua autoestima. O texto
de Lisa Bloom me fez repensar este simples gesto e nas consequências que um elogio desses traz.
Há um tempo, a ABC News apontou que quase metade das meninas
entre 3 e 6 anos já se preocupam com a aparência e estão ligadas se estão
acima do peso ou não. Uma boa porcentagem delas, aos 12 anos, usa rímel,
delineador e batom, sem contar que já sofrem com distúrbios alimentares e com
problemas de autoestima baixa. Hoje em dia, elas preferem vencer o America’s Next Top Model a ganhar o prêmio
Nobel da Paz. Até quem chegou à faculdade diz preferir ser “gostosa” a “inteligente”. Basta ver a quantidade de mulheres que morrem em mesas de
cirurgias, em procedimentos plásticos desnecessários, deixando filhos e família
pra trás em troca da beleza perfeita, com menos rugas e tudo apontando pro
alto.
Ensinar meninas que a aparência é a primeira coisa que se
nota, mostra à elas que o visual é mais importante do que qualquer coisa,
inclusive mais relevante do que aquilo que ela tem na cabeça. Ou seja, hoje
temos meninas de 5 anos fazendo dieta, de 11 com base na cara, com 17 pensando
em prótese de silicone e aos 23 com o rosto completamente esticado por botox.
Com tanta exigência, é cada vez mais comum encontrar mulheres tão novas
infelizes com aquilo que estampam por fora.
O que está faltando? Uma vida que faça sentido, mais livros,
mais cultura, mais estudos, mais valor ao que se pensa e conhece ao invés do
que se veste e usa. Ser inteligente é bem melhor, porque gostosa qualquer uma pode ser. A mulher de hoje em dia já é tão esculachada pela mídia e
sociedade que só falta ela própria desvalorizar o cérebro que tem.
Como Lis Bloom sugere, tente manter um diálogo
inteligente com a próxima garotinha que conhecer. Explore o cérebro dela ao
invés do vestido que usa e de quão bonito é a cor do esmalte que tem. Pergunte o
que está lendo, do que ela gosta e por quê? Mostre pra ela como uma mulher
pensante fala e age. Isso vai mudar o mundo? É claro que não! Mas começar com
um grãozinho já faz uma baita diferença!
2 comentários:
Correto! Pequenos gestos, grandes mudanças..
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