Já foi tomar café-da-manhã na Starbucks num domingo de manhã? Então... Muita gente vai. Eu, inclusive. Ocasião em que aproveito pra ler os livros que demoro anos pra terminar por falta de tempo. Muita gente faz o mesmo. Ou aproveita a manhã deste dia morto pra reunir a família num ambiente diferente, colocar a conversa em dia. Amenidades. Ou não. Já vi um monte de adolescentes estudando pra prova de segunda-feira na maior seriedade, o que me fez, por algumas horas, acreditar que este país tem futuro. Enfim, e tem mesmo, pois o que aconteceu por lá, no último final de semana, vai garantir a proliferação da raça humana. Pelo menos a da família deste pobre menino, de 9 anos, tá garantida!
Estava eu lá... Terminando de ler a biografia do Slash, tomando meu Vanilla Latte grandão. Largadona no sofá. De óculos escuros, porque... ah, era domingo de manhã e eu tinha voltado tarde de uma festa e isso pouco importa. Uma galerinha também estava por lá. O que torna a história mais bizarra. Pro andar de cima sobem um menino gorduchinho, com cara daqueles que aprontam e deixam professoras como eu, de cabelo em pé (tenho exemplares deste tipo no meu grupo de alunos...), carregando a bandeja com um muffin enorme e um copo lotado de chantili. Logo atrás dele, a mãe. Já assistiu Escola do Rock? Ela lembrava bastante a diretora da escola, aquela que usava óculos e tinha cara de séria.
Safada, ludibriou o menino pra criar o cenário perfeito pra uma conversa... "séria". Ela começou perguntando se ele tava matando a vontade de tomar aquele monte de chantili. Coitado, mal sabia qual caminho a conversa tomaria... Percebendo que o garoto estava confortável, a mãe resolveu atacar: "Sua professora me chamou pra uma conversa na escola essa semana. Disse que você e o Pedro andam falando coisas de adultos...". Como o menino sobreviveu ao gole que deu antes disso, até agora eu não sei! Meia dúzia de pessoas ao redor engasgaram.
Com um tom de voz não muito discreto, ela continuou: "Que história é essa de querer ver os peitos das meninas? E de onde vocês tiraram essa idéia de que vão colocar o pinto no buraco delas?". Eu, com (quase) 35 anos, 3 deles dedicados à indústria pornô escrevendo contos, putarias de todos os naipes, do outro lado da Starbucks, fiquei constrangida pelo coitadinho... Mas, a mãe não! Dráusio Varela baixou naquele corpo e ela mandou ver na palestra sobre sexualidade como se entendesse absolutamente tudo sobre o assunto.
"Você só tem 9 anos. Não tem idade pra isso ainda. Mas se estiver curioso, pode conversar comigo. Ou com o seu pai, se você se sentir mais confortável. Afinal, vocês são homens... Tenho uns livros em casa que te ensinam como o corpo funciona e vai te mostrar porque sente essas vontades que está sentindo". Todo mundo parou o que estava fazendo pra prestar atenção na conversa. E eu acredito que depois deste papo super maduro, feito num lugar mega apropriado, com esta abordagem ultra discreta, o garoto deve entrar pra um convento!
Qualquer psicólogo daria a vida pra estudar este menino depois deste papo. Tudo bem que esta nova geração já não pergunta aos pais de onde vem os bebês, ou por que as meninas fazem xixi sentadas e os meninos não e o que eles têm que eu não tenho. Ela quer a assinatura da Playboy e acesso livre ao conteúdo adulto dos sites de sacanagem. Mas, também... Convenhamos, dar palestras na Starbucks não é a melhor maneira de ensinar coisas sobre sexo. Ainda mais quando a platéia tem 9 anos e estava acreditando que aquele café-da-manhã era apenas pra matar a vontade de tomar chantili.
Sexo se ensina em casa! Mães só devem responder o que os filhos perguntam e nada além disso. Palestras e workshops estão fora de questão. Nada de demonstrações, por favor! E, muito menos supor, que seu bebezinho tá comendo a amiguinha de 10 anos só porque quer ver os peitos dela! Não vamos inverter os papéis... Numa hora como esta são os pais que deveriam sair constrangidos da história e não o garotinho do muffin de 9 anos!
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