05 outubro 2009

Fechado pra balanço

Acho engraçado como as pessoas gostam de ser psicólogas nas horas mais inconvenientes. Já fiz terapia, pagava uma grana por isso, mas ia lá ouvir conselhos com hora marcada, com uma profissional de verdade.

Tem gente que costuma dizer que terapias não servem pra nada. Mas eu aprendi muito com ela. Aprendi, por exemplo, a ignorar qualquer tipo de conselho. Já dizia o ditado: se conselho fosse bom, ninguém dava, vendia. E eu sou pobre pra comprar conselhos, prefiro gastar minha grana em roupas, que me fazem muito mais feliz.

Toda vez que alguma coisa ruim ou triste acontece comigo, eu preciso de um tempo pra me recompor. Tem gente que faz o contrário: sai, enche a cara, vai ver os amigos, conversar, cair na esbórnia. Eu não. Preciso de tempo. Preciso sumir. Preciso pensar. Ficar sozinha. Aprender. Ficar mais forte. Mas é incrível, quase ninguém respeita isso.

As pessoas acham que devemos reagir aos nossos problemas e tristezas como elas reagiriam aos problemas e tristezas delas. Já cheguei a ouvir que, por agir assim, me isolando do mundo, estava sendo egoísta, não ligando pra preocupação das pessoas que gostam de mim. Egoísta? Eu?!

Agindo assim, são incapazes de perceber que, quanto mais tentam me fazer reagir como acham que deveria, mais me afastam deles. Tudo o que eu menos preciso é palpite. Se quisesse conselho, estaria ainda frequentando a terapia. Não preciso de ajuda. Já aprendi a lidar com essas situações. Já aprendi a reconhecer qual é o melhor remédio pra essas horas. E já aprendi que não tenho que mudar isso só pra não ver triste quem ainda não entendeu como eu funciono.

Me dê um tempo. Me deixe sozinha. Não bata na porta. Não diga que sumi. Por favor, não incomode. Quando eu quiser, eu volto... Inferno astral, logo mais passa. Por enquanto, tô fechada pra balanço.

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