28 julho 2014

O que a mentira aumenta?

Dizem que a mentira tem perna curta. Eu poderia descrevê-la com mais detalhes, dizer que é charmosa, tem um olhar sedutor e que sabe escolher bem as palavras. Mas a ideia não é criar uma imagem bonita e interessante pra ela, pois não é assim que deve ser retratada.

Este não é um texto sobre alguém, mas sobre um comportamento comum que vem se repetindo na minha vida. Não por mim, óbvio, já que fui educada por pais honestos e sinceros até além da conta. Desde cedo, se preocuparam em expor a verdade, por mais dolorosa e traumática que ela pudesse ser, me ensinaram que mentiras não têm vida longa, têm prazo de validade e são exibidas: adoram aparecer.

Cresci no meio de conversas muito francas, que transbordavam respeito. Principalmente sobre relacionamentos e não é à toa que espero o mesmo dos outros. Seria correspondida, quem sabe, num lindo mundo cor-de-rosa, que não existe.

Desde cedo somos ludibriados com a história de um bom velhinho, que só presenteia aqueles que se comportam bem. Passamos o ano sendo boas crianças, porque o idoso fictício precisa trazer o bendito agrado. Crescemos e nos decepcionamos ao descobrir que Papai Noel não existe. Trocamos essa mentira por muitas outras, porque elas fazem bem aos ouvidos e nos mantém na linha. Acreditamos em cremes milagrosos, em comerciais de TV, em cursos rápidos e em dinheiro fácil.

Passamos a dar ouvidos às promessas dos políticos e campanhas eleitorais, porque soam sedutoras e sempre trazem aquela esperança de um país melhor. Quando tomamos outra rasteira desses tais comandantes é que nos damos conta de que estamos, na verdade (opa, olha ela aí!), cercados por mentirosos e enganadores. Gente que se aproveita da ingenuidade de quem ainda espera pelo presente no Natal, acredita num rótulo de anti-idade e num mundo melhor, incapaz de enxergar a maldade na conversa atraente dos outros.

Mentir não é um defeito, mas uma escolha. Quem mente, sabe exatamente o que está fazendo, conhece as consequências, mas – por mentir – se julga esperto o suficiente pra achar que não será pego. Subestimam a inteligência dos outros e, inteligência, não se subestima. Ela existe, é real, é lógica pura, não gosta de brincar e ao tentar juntar peças de quebra-cabeças incompletos acaba achando aquela que não encaixa. A imagem construída pelo mentiroso vai pro ralo e ainda estou tentando entender a vantagem de comportamentos assim. 

Recentemente, conversando com amigos sobre este assunto, tentei chegar a uma conclusão. De que a culpa, talvez, fosse mesmo minha, por dar tanto crédito a quem não merece nenhum, nem meu tempo ou meus ouvidos. Mas isso também é mentira. Os sedutores gostam de inverter o jogo e fazer acreditar que o errado é você.

É elegante ser honesto, além de ser gentil com aqueles que nos devotam confiança. Mentir é feio e não aumenta o nariz. Isso é outra história que inventaram pra te manter na linha, porque se mentir aumentasse alguma coisa, certamente alguns homens o fariam com certa constância, sem culpa ou dor no coração. Mentir, verdade seja dita, só diminui a sua credibilidade. 

24 julho 2014

Bem na foto, mas ruim no conceito

Seja honesto: você tira conclusões sobre a personalidade de alguém baseado na foto de perfil que uma pessoa exibe em sites de relacionamento ou redes sociais, como o Facebook, por exemplo?

Não temos ideia, mas o poder de uma foto – bem escolhida – é imenso. O problema é que essa ideia pode ser completamente errada, não pela beleza, mas pela personalidade que uma foto pode transmitir. Por trás daquele sorriso maroto e olhar sedutor pode existir um ogro boçal e você nem sabia.

Pesquisadores da Universidade Princeton, nos Estados Unidos, chegaram à conclusão de que as fotos de perfil são mentirosas e podem ser facilmente mal interpretadas por quem as vê. Ou seja, somos literalmente seduzidos pelas imagens e, pequenos ajustes feitos nas fotografias, como provou o estudo em retratos tirados com uma luz diferente, fazem com que tenhamos uma outra opinião sobre a mesma pessoa, como se ela fosse uma segunda, completamente diferente.  

Os critérios analisados pelos psicólogos foram baseados em traços de personalidade, como atratividade, competência, criatividade, astúcia, extroversão, mesquinhez, confiabilidade e inteligência. A pesquisa mostrou, ainda, que esse julgamento não demora muito pra ser feito e pode levar segundos, por isso – não raramente – ficamos surpresos ao conhecer a fundo alguém que saiu do mundo virtual.

É o que dizem: a gente não tem uma segunda chance pra causar uma boa primeira impressão. Mas fazer com que ela seja mentirosa também não vai te render likes no final das contas. Sair bem na foto não é o bastante. Prefira retratar quem você realmente é ao invés de fingir ser o bom moço (ou a boa moça) que qualquer um gostaria de apresentar pra família. 

18 julho 2014

Tal pai, tal filho

Quer saber o que alguém se tornará? Ouça suas histórias de família. Pode ser a coisa mais clichê do mundo, mas nos tornamos exatamente como nossos pais. Não porque crescemos ouvindo lições de moral, broncas, frases prontas, etc e tal. Mas porque temos neles exemplos a serem seguidos.

E a maior verdade é: ninguém aprende com sermão, mas com exemplo. É o típico “faça o que eu faço e não o que eu digo”. Crianças não vão comer verduras só porque você diz à elas que faz bem, enquanto você devora um salgadinho gorduroso. Elas não vão estudar só porque você insiste que não terão um futuro adequado caso não o fizerem, enquanto você passa o dia sentado na frente da TV. E nem tratarão bem a própria faxineira, caso você desrespeite o garçom no restaurante.

As influências que tivemos na infância seguem com a gente pro resto da vida e são elas que moldarão a nossa personalidade no futuro. Óbvio? Não pra muitos. Conheci muita gente que torcia o nariz pro comportamento dos pais, mas sem perceber agiam exatamente como eles. Tornaram-se adultos grosseiros, mentirosos, acomodados ou traidores, da mesma forma que aqueles que foram educados com base no respeito e amor, passaram isso adiante, sem que precisassem fazer esforço algum.

Se quisermos adultos melhores no mundo, precisamos ser melhores também. Esquecer as frases de autoajuda, deixar as falas bonitas e sedutoras de lado e agir como alguém que mereça ser um exemplo a ser copiado.