26 fevereiro 2011

A arte de morar sozinha

Morar sozinho não é pra qualquer um. Apesar de muita gente sonhar com o dia em que vai sair da barra da saia da mamãe, levar isso adiante são outros 500. Aliás, bem mais que R$500! Tem que ser guerreiro, faxineiro, cozinheiro, motorista, administrador, encanador, eletricista e... dos bons!

Muita gente me procura quando pensa no assunto, afinal já tô no ramo dos "solitários" há mais de 10 anos! Conselhos, dicas, toques, histórias... Tenho pra dar e vender. Aliás, quem mora sozinho raramente dá alguma coisa, porque sabe o custo que as coisas passam a ter e a diferença que qualquer uma delas pode fazer no orçamento. Mas, divido as minhas experiências com os interessados. Encorajo os bravos e torço pra que consigam chegar ao final da guerra sãos e salvos.

O que acho mais engraçado nisso tudo é ver nego que - morando com os pais - não consegue chegar no final do mês com o saldo positivo na conta pensando em sair de casa. Posso não ser forte o suficiente pra tocar o pneu do meu carro, mas sou esperta o bastante pra ter uma grana guardada pra emergências como essas. E, com o tempo, aprendi a me virar melhor do que esse pessoal que acha que preparar o próprio miojo é o ápice da independência: mesmo tendo o telefone de encanadores e eletricistas, sei trocar chuveiro e as lâmpadas queimadas sem fazer disso o drama da minha vida.

Morar sozinha é abrir mão, muitas vezes, da viagem com os amigos num final de semana prolongado, um jantar num restaurante mais bacaninha perto do fim do mês ou daquele vestido lindo que tanto queria pra poder dar conta... das contas! E mandar nego se foder quando achar isso ruim, porque só você sabe o preço que a independência tem.

Enquanto você tá na casa do papai e da mamãe nem imagina como o pacote da sua bolacha preferida chegou à despensa da cozinha e nem o custo que isso teve. Nem imagina quanto do salário dos seus pais é gasto com o papel higiênico que limpa a sua bunda ou com o sambão em pó que deixa a sua roupa cheirosa. Porque a sua maior preocupação é torrar toda a sua mesada na balada da moda.

Pra morar sozinho é preciso ser meio Chuck Norris. E isso, acredite, não é exagero. É muito bom chegar em casa e não ter que dar satisfação da hora, de onde ou com quem estava. Mas isso tem seu preço: também não tem com quem dividir o condomínio, o aluguel (pros que não tem a sorte que tenho de já ter a minha casa própria), a luz, a água, o telefone, o celular, o supermercado, a farmácia, o plano de saúde e todos os gastos que dão custo à sua independência. Que não são poucos e nem baratos. Ser independente não é ter seu carro e conseguir pagar o seguro e a gasolina. Querido, ser independente é conseguir bancar isso... também!

Seus passeios são trocados por faxinas. O horário da novela ou do filme que tanto queria assistir passa a ser o único momento que tem pra cozinhar depois de um dia cansativo no trabalho. A voltinha no shopping com as amigas são susbtituídas por idas ao supermercado. E o happy hour... pela reunião de condomínio.

Sair da casa dos pais é como ir pra guerra. Poucos sobrevivem. Outros voltam mais cedo da batalha pro ninho de onde saíram antes mesmo do primeiro confronto terminar. Tem quem, como eu, encara as lutas (diárias) sem desistir no meio do caminho. Pra esses, o meu respeito. Vá até a sua geladeira, pegue aquela cerveja que você comprou sem a ajuda da mamãe e... brindemos!

25 fevereiro 2011

Então, tchau!


É muito estranho quando alguma coisa acaba ou não dá certo. Eu, pelo menos, me revolto um pouco. Insisto até o meu limite pra que isso não aconteça. Tento, dou chance, tento mais um pouco... Mas custa admitir que acabou. Fico sempre perguntando o "porquê", penso se fiz algo de errado, se poderia ter sido diferente, se seria diferente... Levo um tempo pra digerir. Insisto tanto que esqueço de aceitar o fim.
Muitas vezes, chego a achar que não é justo. Que Deus tá me sacaneando, me testanto, vendo qual é o meu limite, pra ver se eu aguento mesmo o tranco. Chego a achar que Ele não joga no meu time. Que não gosta de mim... Mas quando passa essa revolta vejo que, no fundo, o cara lá me ama e é meu fã. Quer que as coisas dêem certo na minha vida. Torce pra que eu seja feliz. Extremamente feliz, aliás, porque sabe que não me contento com pouco. Quer que eu encontre pessoas que realmente apreciam a minha presença, que valorizam o que sou e que gostam de mim. Que não mediriam esforços pra me agradar e mostar o quanto sou importante. Quer, ainda, que eu tenha as melhores oportunidades e que aprenda todas as lições que tem pra me ensinar. Nem que, no meio da aula, eu tenha que penar um pouco...
Quando alguma coisa não dá certo na nossa vida a tendência que temos é achar que não temos sorte, diferentemente dos outros. Quando, na verdade, somos as pessoas mais sortudas do mundo. Se algo não dá certo é porque outras tantas coisas boas estão por vir. E precisamos estar com o caminho limpo pra poder recebê-las ou mesmo perceber que elas existem. Deus não nos tira algo sem que dê um presente melhor logo em seguida.
Tudo bem que, muitas vezes, o jeito que Ele tem de ensinar é duro e machuca. Mas se fosse diferente, jamais aprenderíamos a lição. Cada coisa que Ele tira do nosso caminho, cada pessoa que Ele leva embora, na verdade, nunca mereceu estar lá. Não era mesmo pra dar certo, mas sim mostrar que o que vem pela frente é muito melhor. Resta saber entender isso, aceitar e estar pronto pro que nos está reservado. Perder tempo com quem não vale a pena, com coisas que roubam a nossa energia, só atrasa a vida e empata a chance de começar e investir naqueles e naquilo que vai nos fazer felizes de verdade.

12 fevereiro 2011

A louca


Dizem que de médico e louco todo mundo tem um pouco. Seria bom se essa medida fosse balanceada, meio a meio. Ser 100% sano nem deve ser saudável. Isso deve levar à loucura. Mas tem gente que exagera no lado esquizofrênico dessa teoria. E é louco ao quadrado.

Somado à isso tem quem tenha pouco amor próprio. Ou aqueles que não têm a menor idéia do que seja isso. Junta com a loucura, use a sua imaginação e conclua quão louco certos seres humanos podem ser.

Gente normal, como eu - provavelmente, como você -, precisa ser de tudo um pouco: louco, psicólogo, sano, vítima e assassino. Mas não necessariamente executar, na real, cada um desses papéis. Eles são metafóricos, imaginários. E servem pra que possamos levar a vida numa boa, sem enlouquecer.
Já conheci muita gente doida. Maluca de verdade. E cada vez mais tenho a certeza de quão sana e normal eu sou. O que faz com que me mantenha numa boa em convívio com a sociedade. Mas, coloque "homem" no meio de uma história. Deixe ela mal resolvida. E junte à isso, uma louca.
Devo ser muito ocupada (e normal) pra achar certas coisas inaceitáveis: criar um perfil falso em sites de relacionamento pra investigar e atacar, por exemplo... É normal? É claro que não! Enfim... Sei que muita gente lê isso aqui. Fico super feliz, mas usar meu blog pra se aproximar e me meter no meio da sua loucura, desculpe, não é nada saudável. Quem faz isso precisa de, no mínimo, ajuda psiquiátrica e remédios tarja preta.
Não é a primeira vez que isso acontece comigo. O lado bom disso é que, cada vez mais, as pessoas vêem o quanto sou diferente de certos tipos que existem por aí e gostam de mim por causa disso. Loucura é bom. Dentro de quatro paredes. Junto com os amigos. Pra experimentar algo novo na vida. Pra refrescar a cabeça de tanta sanidade. Mas loucura tem limite... E quando não souber controlar a sua, não tente invadir o espaço dos outros, achando que eles são tão doidos quanto você. Se você não sabe lidar com certas coisas, procure ajuda médica e não alguém pra descontar a sua raiva e frustração.
Eu, por exemplo, vou sempre agir da forma mais sana possível em casos como esse. Pois é isso o que sou: normal!